Com números que impressionam, Tiago Nunes é o técnico revelação
Se existe intelectual no futebol, só publicou, que eu saiba, um livro. Há mais de 15 anos com edição esgotada.
Falo do catalão Josep Guardiola i Sala, autor de “Mi Gente, Mi Fútbol”, mundialmente conhecido como Pepe Guardiola, atualmente técnico do Manchester City.
Autobiografia e caderno de impressões sobre o que Guardiola viu e aprendeu jogando e estudando como treinador o audacioso e envolvente futebol de dois toques que o holandês Louis van Gaal implantou no Ajax.
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Jogadores e técnicos inteligentes existem em toda parte, cultos, aparentemente, poucos.
Na entrada do estádio Sanchez Pizjuan, em Sevilha, antes do jogo Alemanha e França, semifinal da Copa do Mundo de 1982, vi o jogador Rummenigge descer do ônibus que conduziu a seleção alemã com um livro de Goethe embaixo do braço.
Na mesma Copa da Espanha vi o lateral esquerdo Junior batendo bumbo dentro do ônibus da seleção brasileira, mas isso também faz parte do fantástico mundo futebolístico.
Albert Camus foi um caso a parte: jogando como goleiro, depois que se afastou do futebol francês por problemas de saúde, tornou-se respeitado jornalista, filósofo, ficcionista e Prêmio Nobel de Literatura em 1957.
Contar com técnicos e jogadores inteligentes é bom. Assim como é importante contar com dirigentes com sensibilidade humana, sensato e correto.
Obviamente as exigências práticas no futebol são outras.
O jogador para fazer sucesso precisa ter talento para executar todos os fundamentos e o treinador necessita de profundo conhecimento da matéria, liderança e comando para se tornar um vencedor.
Muitos jogadores tentaram a carreira de treinador depois que descalçaram as chuteiras e não foram bem sucedidos. Em compensação, outros, que não atuaram profissionalmente, se tornaram vencedores. Teve até campeões mundiais: Vicente Feola e Carlos Alberto Parreira.
Pois bem. Há uma tentativa de rejuvenescimento nos comandos técnicos das principais equipes do futebol brasileiro. Processo que se iniciou há algum tempo com a consagração do até então desconhecido Carille como campeão pelo Corinthians.
Vieram outros, inclusive no Palmeiras, que deu chance para os jovens Eduardo Baptista e Roger, mas que só chegou ao título nacional com o tarimbado Cuca e, novamente, está colocando as mãos sobre a ambicionada taça com o veterano e consagrado Felipão.
Mas Zé Ricardo, Jair Ventura, Alberto Valentim e outros tantos tentam firmar os seus nomes na constelação de técnicos da nova geração do futebol brasileiro. Nenhum um deles, entretanto, conseguiu atingir as marcas e o sucesso de Tiago Nunes na direção do Clube Atlético Paranaense.
Ele é o técnico revelação da temporada.
Os números alcançados pelo Furacão sob o comando do iniciante Tiago Nunes impressionam. Tanto na Copa Sul-Americana, onde é semifinalista, como na série A do Campeonato Brasileiro onde disputa uma vaga na Copa Libertadores da América.
O time chegou a 12 jogos invictos no principal campeonato do país, dentro da Arena da Baixada, igualando o recorde do Santos em 2015. E pode ultrapassar neste domingo se vencer o Ceará.
Equilibrado nas ações, ponderado nas declarações e com muita personalidade o jovem Tiago Nunes assumiu o Furacão na zona de rebaixamento e foi subindo, até chegar onde se encontra. Sucesso absoluto.
Trata-se de um profissional eficiente com grande futuro na carreira.
