Urgente! Felipão desprezou Terans (e Alex, e Marlos). O pecado do uruguaio: ser crack
Meus amigos, Lombardo Gomes, seu ex-narrador em atividade. O jornalista esportivo que mais foi alvo de arremessos de copos de urina em estádios de futebol, sem jamais ter sido atingido por uma gota sequer. Apesar da idade, aqui é: ousadia y alegria.
Terans foi embora do Athletico. Até que aguentou bastante a humilhação do retiro, do exílio, do degredo, da proscrição no banco de reservas. Banido do campo de jogo pelo pecado mortal de ser um crack. Não tem "intensidade", não faz "jogo físico", não "recompõe", não "marca o volante", gritam alucinadamente.
publicidade
Crueldade maior: foi enxotado da Baixada por Felipão e Paulo Turra. Ora, não surpreende. Foi a Escola Rústica do Scolarismo que, traição brutal, impediu que o genial Alex, o Ademir da Guia de Colombo, desfilasse seu futebol extraclasse numa Copa do Mundo. O pecado do Cabeça: "não correr".
Foi também o Manual Rudimentar do Scolarismo que, com a fúria de um bedel empoderado, negou a mais um craque, Marlos, outro que rabiscava a canhota como se pintasse um Picasso, despedir-se em casa, diante da torcida do clube do coração. O pecado do menino rubro-negro: "não marcava".
Não foi possível encaixar Terans no time sob nenhuma circunstância. Afinal, ironia acachapante, o pibe de Jardines del Hipódromo só fazia gols e dava assistências. É pouco para o chamado "futebol moderno". Só decidiu em La Plata e no Allianz Parque, colocando o Furacão na final da Libertadores. Não basta, tem que perseguir volante.
É assim mesmo, enxuguemos, discretamente, as lágrimas. Terans, Alex, Marlos são, ou eram, jogadores sofisticados demais para a lógica vulgar do futebol de resultados. E qual a reação mais natural? Ofender, rebaixar, inutilizar aquilo que você não compreende, como eu fiz quando ganhei o primeiro disco do Pink Floyd, com o Syd Barrett.
publicidade
Não tente explicar. Eles não vão entender.
São tempos esquisitos. Do esporte fast food, da análise futebolística de TikTok, do debate telegráfico em urros primitivos despejados nas redes sociais. Não há espaço para o romance, para um Julio Iglesias da bola como David e seus golaços.
Ao Terans, meus respeitos.
É pique de jornada.
publicidade