Wilson explica saída, lamenta não completar 300 jogos e diz: “Saio como um torcedor”
Com a voz embargada, o goleiro Wilson concedeu entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira (20) para explicar a sua saída do Coritiba, após quase sete anos. O jogador alegou questões familiares para antecipar o seu contrato, que terminava em dezembro.
Wilson disse que ainda não pensa sobre encerrar carreira, falou que recebeu sondagens de outros clubes, mas descartou que já teria conversado com algum novo time. Ele resumiu o sentimento de encerrar o ciclo no Coxa como "dever cumprido".
"Não tenho nada definido. Com relação ao Figueirense, tenho carinho de todos, é um clube onde também tenho uma história bonita. Quando saiu a notícia (da saída do Coxa) o meu telefone não parou de receber mensagens dos torcedores de lá, fazendo campanha para a minha volta, mas isso é uma coisa ainda que não pensei e nem conversei com ninguém ainda, e nem de outro clube. Recebi ligações de outros clubes também, sondagens, mas o motivo principal da minha saída aqui são questões familiares. Vou passar um período pensando, cuidando dessa parte, tentando minimizar essa situação e ir conversando para definir o meu futuro da melhor maneira, disse na entrevista.
Wilson esteve acompanhado na entrevista pelo G5 do clube, além do diretor René Simões. O presidente Juarez Moraes e Silva, que está afastado do clube por licença médica após ter testado positivo para Covid-19, também marcou presença na coletiva. Ele estava usando uma camisa número 84, assinada por Wilson e com dedicatória, um presente do goleiro ao dirigente.
"É um momento de muita emoção, uma data que vai ficar marcada na história do Coritiba pela passagem de um dos grandes ídolos. Fugi de uma licença médica, espero que o Dr. (Milton) Nagai (médico do clube) me entenda e não me puna, mas eu não poderia deixar de participar como torcedor e dar um abraço forte em uma das maiores referências da história do Coritiba. O Wilson, sempre com muita dignidade, entrega e dedicação, é responsável por muitas vitórias, acessos e gols como goleiro. Confesso que estava ansioso para os 300 jogos, mas o nosso sentimento é que você jamais deixará de fazer parte da nossa história. Estou aqui como um torcedor e fã. Desejo que sua carreira seja com sucesso, com condições de jogar em qualquer equipe da Série A. Entendemos essa decisão de encerrar esse ciclo. Não era a nossa vontade, pois queríamos que compusesse o elenco que vai honrar as cores do Coritiba", falou o dirigente.
O goleiro ainda esclareceu que a sua decisão de deixar o Alto da Glória não teve nenhuma ligação com a recente saída de Rafinha do Coxa.
"O caso do Rafinha não teve influência e nem interferência nenhuma na minha decisão. Foi um caso totalmente à parte, tratado da melhor maneira. Foi uma decisão minha e da minha família".
Com 296 jogos disputados pelo Coxa, Wilson fez vários agradecimentos, ressaltou que o processo de sua saída foi transparente e garantiu que sai do clube como um torcedor.
"É um momento difícil fazer esse anúncio e explicar a situação. Agradecer a todos pela oportunidade de explicar a minha saída ao torcedor. Foi tudo feito de maneira direta, olho no olho, como sempre procurei tratar as coisas. Muito honrado por ter vestido essa camisa. Saio daqui como um torcedor, tenho minha cadeirinha reservada na Pro Tork. Agradeço essa declaração que as portas do clube estão abertas pra mim", disse.
Wilson ainda lamentou não ter conseguido atingir o a marca de 300 jogos pelo Coritiba.
"A gente pensava em chegar a essa marca, são marcas importantes em um clube. Infelizmente não chegamos nessa, mas isso não diminui em nada a história aqui no clube. Os números que alcancei são significativos, não é qualquer jogador que alcança, ainda mais em um clube de tradição como o Coritiba, e com a mudança de clubes cada vez mais constante. Muito honrado em estar entre os dez jogadores que mais vestiram a camisa do Coritiba".
Veja outros trechos:
Motivos familiares e papo com o presidente
"Essa é a principal questão nesse momento, onde todos se perguntam, sobre o que me levou a tomar essa decisão. Não é uma decisão que se toma de uma hora pra outra, tem que ser bem pensada. Desde o ano passado eu comecei a pensar nessa possibilidade. Quando se passa muito tempo num clube, tem um desgaste natural, muita cobrança, depois de tudo que já passei aqui no Coritiba. Comecei a pensar nessa situação, mas desde o meio do ano passado algumas questões familiares começaram a acontecer. No último dia de treino, no final do ano passado, chamei o presidente para conversar, e explanei a minha vontade de sair, principalmente pela questão familiar que eu venho passando. Ele recebeu com surpresa, mas me entendeu, e ficamos de conversar nas férias para que eu tomasse a minha decisão. Fui para as férias, e meus empresários começaram a conversar com a diretoria. Vinha de dois anos intensos sem férias, falei, 'vamos seguir e cumprir o contrato'. Mas essas questões familiares não minimizaram, até se potencializaram um pouco mais. Há umas duas semanas o René me chamou para conversar, me perguntou como eu estava e passei toda a situação que eu estou passando em casa, e ele me deixou super à vontade para me decidir. E por tudo isso, principalmente a questão familiar, achei o momento de encerrar esse ciclo. Por respeito ao clube, aos atletas, pelo meu bem e da minha família, pensando em tudo, por ter contrato, seria cômodo ficar aqui, de canto, mas se seu não estiver 100% psicologicamente e focado, não é da minha índole. Achei melhor tomar essa situação pelo bem de todos".
Saída antecipada
"Sempre pensei em encerrar a minha carreira aqui, nunca foi intenção sair, ainda mais dessa maneira, tendo contrato. Não tem nada sobre chegar algum outro goleiro, o professor René explicou sobre as especulações de trazer goleiro ou não, mas a minha decisão não teve nada a ver com isso".
Resumo da passagem
"Sempre disse que enquanto eu estivesse aqui eu faria o melhor pelo clube, me dedicaria ao máximo e respeitaria muito essa camisa. E eu acho que cumpri o meu papel. Não se esperava que isso fosse antecipado assim, mas as circunstâncias nos levaram a isso. Mas saio com um sentimento de dever cumprido, passei muitas dificuldades aqui, muitos momentos ruins, sempre me dedicando, botando a cara a tapa, muitas vezes assumindo responsabilidades que não cabia a mim. O torcedor reconhece essa dedicação e isso é o que vou levar na minha memória para sempre onde eu estiver".
Legado
"Sempre encarei as críticas de forma natural, para crescer e evoluir. Sempre respeitei todos, nunca retruquei nenhum torcedor. Respeito as opiniões, agradeço também as críticas e elogios, que sempre levei pro meu crescimento. Ninguém agrada a todos. Só tenho boas recordações. O legado que eu deixo acho que é de dedicação, empenho, e sempre acreditar. Acho que passei isso sempre enquanto estive aqui. Por isso que tenho carinho de todos por onde passei, e sempre será assim".
