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Paraná Clube: relembre como Carlos Werner foi de "mecenas" a dono de CT

Por
Julio Filho
25/04/2024 16:30 - Atualizado: 25/04/2024 16:30
Relembre a trajetória de Carlos Werner no Paraná Clube
Relembre a trajetória de Carlos Werner no Paraná Clube | Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

O último dia 22 de abril assinalou o retorno de Carlos Werner ao Paraná Clube. A carta publicada naquele dia pelo empresário no site oficial do clube representa um novo capítulo na longa e, até certo ponto, polêmica trajetória de Werner no Tricolor.

O homem de negócios paranista afirmou retornar sem cargo oficial, com o objetivo de mobilizar torcida e pessoas capazes de ajudar no momento mais delicado da história da instituição.

+ Augusto Mafuz: Werner volta ao Paraná. É quando o amor sente saudades

Após negociações frustradas pela venda de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e a gestão desastrosa de Rubens Ferreira, o Rubão, o Tricolor parecia à deriva.

O Paraná está pelo segundo ano consecutivo sem calendário nacional e se prepara para disputar, assim como em 2023, a segunda divisão do Campeonato Paranaense. Relembre a história da relação de Carlos Werner com o Paraná Clube.

Carlos Werner: Um “mecenas” no Paraná Clube?

O empresário iniciou os investimentos no clube em 2014. Na ocasião, liderava um grupo responsável por assumir a gestão do CT Ninho da Gralha. Em meio a uma disputa judicial que envolvia o Paraná, o empresário Leo Rabello e a empresa Base, a propriedade estava praticamente abandonada, até passar a receber os investimentos do empresário.

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Werner investiu na estrutura e quitou salários de funcionários. Na época, dizia não esperar contrapartida em troca dos altos aportes financeiros. “Não tenho contrato nenhum com o clube. O investimento é elevado e faço por amor. O dinheiro é todo de minha pessoa física. Sou empresário e faço uma doação”, declarou, à Gazeta do Povo.

A criação de um movimento político: Paranistas do Bem

Apenas um ano depois, em 2015, Carlos Werner foi figura proeminente nos bastidores de um novo grupo político no Paraná, que seria centralizado na figura de Leonardo Oliveira, eleito presidente em setembro daquele ano. Oliveira era homem de confiança de Werner.

Em março daquele ano, o então presidente, Rubens Bohlen, havia renunciado ao cargo. Ele alegou ter sofrido pressão por parte de integrantes do grupo composto por Werner e Oliveira, autodenominado “Paranistas do Bem”.

Bohlen disse ter sofrido ameaças e que chegou a registrar um boletim de ocorrências contra um dos membros da oposição.

Paraná na Série A: reformulação e sucesso em campo

Após as turbulências políticas, a gestão de Leonardo Oliveira começou a render frutos ao Tricolor — tanto dentro, como fora de campo.

Com campanhas de marketing de sucesso, que resgataram o orgulho da torcida, já em 2017 a equipe conseguiu o importante acesso à Série A do Campeonato Brasileiro. Os investimentos feitos por Werner no time foram determinantes para a histórica conquista. Assim como a relação próxima estabelecida pela diretoria com a torcida organizada, Fúria Independente.

Fora de campo, a gestão conseguiu a determinante aprovação do Ato Trabalhista, acordo feito com a Justiça do Trabalho, para pagamento de dívidas do Tricolor, evitando assim bloqueio de créditos.

Em 2018, na renovação do acordo, Oliveira passou a receber R$ 25 mil mensais para exercer a função de “administrador-proprietário”. Ele acumulou mais de R$ 700 mil na função.

Acusações e rompimento: o afastamento de Werner no Paraná

2018, o ano da volta à Série A, marcou também o rompimento entre Carlos Werner e Leonardo Oliveira. O então presidente acusou o investidor de tentar “sabotar o trabalho da diretoria em ano eleitoral”, além de exigir a demissão do então diretor de futebol, Rodrigo Pastana, dentre outras situações.

“Eu nunca quis atacá-lo porque, apesar de tudo, ele foi um cara que ajudou o clube, botou R$ 20 milhões, apesar das ‘cagadas’, permitiu que o clube continuasse”, declarou Oliveira na ocasião, em entrevista ao UOL Esporte, revelando a importância do aporte financeiro efetuado por Werner no clube.

"Quebrei minha empresa para ajudar o Paraná"

Werner rebateu o ex-parceiro. Afirmou ter sido iludido, falou em má-fé e retrucou as acusações sofridas. Ele também garantiu não ter mais clima para frequentar a Vila Capanema após o ocorrido. "Eu fui a solução do passado e hoje parece que sou o problema do futuro. A verdade é que quebrei minha empresa para ajudar o Paraná", afirmou, à Gazeta do Povo.

Em janeiro de 2021, o próprio Oliveira renunciaria à presidência do Paraná, com o time perto de ser rebaixado para a Série C do Brasileirão, o que acabaria acontecendo. Após levar o clube à Série A, Oliveira abandonou o barco no momento mais delicado e detonou o estopim para a queda vertiginosa que levaria o Paraná à atual situação.

Paraná perde o Ninho da Gralha para Carlos Werner

Werner então afastou-se do Paraná. Mas o seu nome voltaria a aparecer na mídia em 2019. Em outubro daquele ano, o clube fez um acordo na Justiça Estadual para ceder em definitivo o CT Ninho da Gralha ao empresário. O acordo permitia que o Tricolor utilizasse sem custos o espaço por cinco anos, ou seja, até 2024.

Na ocasião, o imóvel estava avaliado em R$ 19,9 milhões. Já a dívida do Paraná com Werner girava na casa de R$ 28 milhões. O acordo encerrou qualquer pendência do clube com o investidor.

Como o Ninho foi parar nas mãos do ex-"mecenas"?

Em situação caótica, em 2014, os conselheiros do Paraná aprovaram um empréstimo de Werner para quitar dívidas, sendo a principal delas o processo do caso Thiago Neves, movido pelo empresário Leo Rabello, que seria finalmente quitada três anos depois.

Na época, o Paraná corria o risco iminente de perder o CT para Rabello. Com o dinheiro de Werner, o clube chegaria a um acordo com Rabello, salvando a propriedade. O Ninho, por sua vez, foi dado como garantia aos pagamentos de Werner.

Como o Paraná não teve condições de honrar o acordo, a propriedade foi usada para a quitação dos débitos com o ex-investidor.

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