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Mauro Cezar Pereira
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Opinião

Palmeiras de Felipão é retrato do jogo que impera no Brasil. No Fla, Abel tenta imitá-lo, mas não é capaz

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Mauro Cezar Pereira
26/05/2019 23:39 - Atualizado: 29/09/2023 16:49
Palmeiras de Felipão é retrato do jogo que impera no Brasil. No Fla, Abel tenta imitá-lo, mas não é capaz
| Foto: Montagem com fotos de Delmiro Junior/Estadão Conteúdo e Sociedade Esportiva Palmeiras

Ao final de Botafogo 0 x 1 Palmeiras, sábado (25), jogo que teve, na prática, inversão de mando de campo, com a massacrante maioria do estádio Mané Garrincha, em Brasília, formada por torcedores alviverdes, um amigo botafoguense me enviou uma mensagem.

Estava negativamente impressionado com a atuação do campeão brasileiro e líder da Série A.

"Decepcionante a atuação do Palmeiras, fez o gol e recuou". Respondi que o time paulista é isso. "É, você assiste mais jogos deles do que eu, fica clara a previsibilidade", concluiu.

O torcedor que não pensa dirá que meu amigo deveria cuidar do Botafogo dele, que tem despeito, que o time carioca não criou e algumas ofensas, possivelmente.

>> TABELA: confira a classificação da Série A

Mas a reação de um alvinegro que, asseguro, conhece e entende de futebol, não é para ser ignorada. Quem pouco vê o líder da Série A em ação pode, ao acompanhar os gols na televisão, imaginar outra coisa em campo.

O Palmeiras que domina o futebol nacional neste momento é o retrato fiel do estilo que impera no país.

Defesa forte, time que, em vantagem ou mesmo com igualdade no placar, se fecha, marca atrás da linha da bola, defende-se ferozmente e recusa a troca de passes por muito tempo. Ligação direta, lançamentos e rápida conexão defesa-ataque, ciente de que, lá na frente, há jogadores de bom nível técnico que são capazes de decidir.

Em 2019, os palmeirenses incorporaram outro comportamento, a pressão nas imediações da área adversária para recuperá-la perto do gol.

Para isso, não são raros os momentos nos quais o goleiro dá um chutão para longe. Com isso, mesmo que os atacantes não ganhem a disputa, não recuperem a pelota, a estratégia é tentada, pois nesse caso o objetivo é retomá-la ali, naquela região do campo. O time simplesmente não constrói jogadas pelo chão.

Obviamente não é proibido jogar assim, mas não existe time de bom nível, grande, no primeiro mundo do futebol que adote tal comportamento. Esse tipo de jogo mais antigo, primitivo até, costuma se restringir às equipes menos técnicas, de menor orçamento e jogadores inferiores.

Em qual lugar do mundo o campeão após 38 rodadas tem média de posse de bola e passes certos trocados inferior a 11 dos 20 participantes da competição?

Coisas do Brasil, em que pese as tentativas de Fernando Diniz, Tiago Nunes, Eduardo Barroca e Jorge Sampaoli de fazer algo diferente. Fábio Carille também tem buscado se diferenciar em relação ao estilo que o consagrou, mostrar diversidade em suas estratégias, mas não tem conseguido em boa parte das vezes.

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A maioria recorre ao caminho mais fácil, ciente de que mais fácil do que construir é destruir. Marcar e definir tudo rápido é a ideia.

Se o Palmeiras é assim, mesmo com o mais caro elenco do país, que lhe permitiria uma infinidade de soluções e variações de jogo, o Flamengo, outro clube com enorme investimento em seu elenco, tenta seguir o mesmo caminho.

Não era assim até 2018, mas com a chegada de Abel Braga no início do ano, teve início a tentativa de transformar um time de toque de bola em "reativo", aquele que não tem a iniciativa de jogo, mas reage à do adversário.

A diferença é que Scolari é competente na execução desse estilo, seja ele antiquado ou não. Seu time raramente toma gols e segue invicto no Brasileirão desde sua volta ao clube, em julho do ano passado.

Abelão, por sua vez, fracassa na tentativa de transformar a equipe rubro-negra em algo parecido. Seu time é vazado quase em todos os compromissos e apresenta futebol fraco, claudicante, inconsistente, incompatível com o nível dos atletas.

Na virada (3 a 2) dramática sobre o time reserva do Athletico, no Maracanã, o Flamengo contou com ajuda da arbitragem, que deu pênalti inexistente e o manteve mesmo após consulta ao VAR, e venceu no empenho e qualidade dos jogadores.

Por que o time é uma bagunça, tanto que o goleiro Diego Alves trabalhou muito, e o jogo inteiro. Os atleticanos mereciam sorte melhor, mas ela sorriu para Abel, que tenta imitar Scolari, mas não é capaz.

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