Brasil: torcedores ou terroristas no futebol?
Em Salvador, uma pedra é jogada contra o ônibus do Bahia. Atingido e hospitalizado, o goleiro Danilo Fernandes foi diagnosticado com traumatismo na face, quase perdendo a visão.
Em Porto Alegre, uma pedra é jogada contra o ônibus do Grêmio que chegava ao Beira-Rio para jogar o Gre-Nal. Atingido e hospitalizado, o meia paraguaio Villasanti foi diagnosticado com traumatismo craniano e concussão.
Em Curitiba, a torcida do Paraná invade o gramado de Vila Capanema e agride alguns jogadores do clube, que fora rebaixado para a segunda estadual.
Em Maringá, a torcida do Maringá, mesmo com a vitória (1x0), apedrejou o ônibus do Cascavel.
Em Caxias, a violência no espírito dos jogadores negros do Juventude, agredidos pela discriminação racial.
Como se conclui, são fatos semelhantes, mudando apenas a forma de operar. Entre um e outro, houve quase uma sincronia de horários.
Isso não é “violência de torcida”. Isso se chama terrorismo e, como tal, deve ser tratado. O diagnóstico é grave, amenizá-lo com o eufemismo que se tratam de “alguns torcedores” só o alimenta, mantendo a impunidade.
O argumento da paixão pelo clube é apenas um disfarce como é o dos grupos terroristas que matam, agridem o corpo e o espírito do ser humano pelas armas, como forma de manifestação ideológica ou religiosa.
O futebol brasileiro, como qualquer outro de um grande centro, não tem instrumentos legais para combater essa espécie de terrorismo.
A lei esportiva brasileira é branda e seus árbitros julgadores são manipulados pelos interesses dos cartolas e dos clubes.
Era assim na Inglaterra até que ocorreu o desastre de Heysel, em 1985, quando os hooligans do Liverpool massacraram e mataram 35 torcedores da Juventus de Turin. Tratando esses torcedores como “um dos males da prosperidade social”, a então primeira-ministra Margaret Thatcher excluiu a Inglaterra (clubes e seleção) de torneios internacional, e os hooligans foram presos, julgados e condenados. Lá, mesmo fora dos estádios, quando se prova o nexo casual entre a conduta do torcedor e do clube, esse é punido.
No Brasil, se não tiver uma lei específica para combater esse modelo de terrorismo que se esconde na fantasia da paixão, não haverá solução.