Os feitos do presente e as glórias do passado
Emanuel Rego

"Como vai o Athletico, pai?" Minha história de amor com o Furacão

Por
Emanuel Rego
25/03/2024 15:30 - Atualizado: 25/03/2024 15:29

É impossível dizer que o Athletico não faz parte da minha vida. Fui à Baixada pela primeira vez em 1980, aos sete anos de idade, quando o Estádio Joaquim Américo Guimarães ainda era todo de tijolinho à vista.

Quem me levou foi meu pai, Manoel, um grande torcedor do Furacão. Mas naquele momento, confesso, a bola e os jogadores pouco importavam para mim. Na fértil imaginação de piá, ficava pensando como a bola não ia parar no ginásio colado no estádio.

Nas primeiras vezes em que estive no campo, a preocupação ficava mais com os vendedores de picolé e de pipoca e menos com o que acontecia nas quatro linhas. Meu pai, calmamente, se esforçava para me mostrar as jogadas perigosas, as chances de gol, mas eu mal via.

Por cautela e segurança, evitávamos de ir ao estádio em clássicos ou jogos decisivos. Por isso, acompanhei e comemorei o bicampeonato paranaense de 1982 e 1983 pelas ondas do rádio, assim como a campanha histórica do terceiro lugar no Brasileiro, com aquele timaço liderado pelo Casal 20, Washington e Assis.

Mas em 1985, nunca esqueci, assisti minha primeira "final" na Baixada: Athletico x Londrina, pelo segundo turno do Estadual. Se ganhássemos, não haveria quadrangular final e seríamos campeões, pois já havíamos vencido o primeiro turno.

Estávamos no nosso lugar favorito, lá na curva do placar, perto do Pinheiro. De lá, vi Agnaldo marcar dois gols, um no primeiro e outro no comecinho do segundo. Depois, Cristóvão concretizou a vitória por 3 a 0. A taça era nossa.

Muita gente invadiu o gramado ao fim do jogo, por baixo das placas que ficavam atrás do gol – e eu fui um deles! Corri para o campo, fiquei do lado da rede do gol vendo os torcedores tentando pegar um pedaço da rede como lembrança. Consegui achar um pedaço para mim e voltei para comemorar com meu pai.

Que sensação maravilhosa! Ver um jogo decisivo na Baixada, assistir ao Athletico ser campeão e ainda pisar no gramado pela primeira vez.

Pula para 19 anos no futuro. O piá atleticano que não mediu limites para vibrar com o título paranaense voltava àquele gramado em uma situação bem diferente, mas tão emocionante quanto.

Depois da maior conquista da carreira, a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, fui convidado pela diretoria para ver o jogo contra o Atlético-MG na Arena da Baixada.

Entrei no vestiário para conhecer aquele time que tinha Washington e Dênis Marques no ataque, Jadson e Fernandinho no meio-campo, e Levir Culpi no comando. Na sequência, recebi uma homenagem das mãos do presidente Mario Celso Petraglia. Caminhei pelo gramado para receber o carinho da torcida.

Quase duas décadas depois, lá estava de novo, no gramado da Baixada. Agora como um campeão olímpico, saudado pela gente que ali vivia a mesma inexplicável paixão que a minha. E ainda por cima dei sorte: vitória arrasadora por 5 a 0.

Ou seja, o Athletico Paranaense faz parte da minha trajetória. No momento mais intenso da minha carreira no vôlei de praia, viajando muito para jogar os Circuitos Mundial e Brasileiro, o clube virou minha conexão com meu pai.

E aí, para mim, o Rubro-Negro deixou de ser um clube de futebol. Virou algo muito maior. Tornou-se o elo familiar mais forte com meu pai. Em todas as conversas, era obrigação falar das novidades do time, as contratações, os resultados.

Eu sempre dizia... como vai o Athletico, pai?

Hoje, me consideram um embaixador do Athletico, não apenas um torcedor. Como alguém que torce pelo esporte paranaense, sei o quanto é importante termos uma equipe forte e vencedora como vem acontecendo nos últimos dez anos.

O Athletico que conheci não é o mesmo que existe hoje. O sucesso do clube, não só dentro de campo, possibilitou a construção de um patrimônio físico que transformou o Furacão em um dos mais bem organizados e modernos do país. Com infraestrutura, estádio e centro de treinamentos de primeira. Reconhecido internacionalmente pela competitividade e por estar sempre em evolução.

Tudo isso só aumenta o orgulho de dizer que a camisa rubro-negra que meu pai me ensinou a amar só se veste por amor.

Emanuel Rego é o maior vencedor do vôlei de praia mundial e três vezes medalhista olímpico.

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