Os feitos do presente e as glórias do passado
Torcida do Athletico
André Pugliesi

Athletico, o “time modinha” que completa 100 anos

Por
André Pugliesi
25/03/2024 15:35 - Atualizado: 25/03/2024 15:31

Por anos, ali a partir dos 2000, o Athletico recebeu a pecha de “time modinha”, uma espécie de acusação ainda imputada. Inicialmente, por ostentar um estádio moderno, com cadeiras, banheiros limpos e opções variadas de comida, tal qual as praças de alimentação dos grandes centros comerciais. Oferecer o básico já foi taxado como negativo, veja só, por uma turma que, até hoje, se abraça ao tolo e antiquado termo "raiz". Esquisito, né?

O tempo passou, mais rápido do que o normal, e no arrasto da Copa do Mundo de 2014, com bilhões de reais jorrados pelo Brasil, outros times e capitais ergueram suas arenas, definição que, aliás, de conceito, batizou, pelo ineditismo, lá em 1999, a casa atleticana: Arena da Baixada. O Rubro-Negro, por sua vez, no mesmo movimento coordenado do Mundial, foi construir um segundo bunker aos moldes “europeus”.

É um episódio, só mais um, mas bastante representativo, de um clube acostumado, em 100 anos, a estar sempre em voga. Mas não pelos motivos que os rivais tentam emplacar. Historicamente, o Athletico exibe uma vocação irresistível para colocar-se, usando uma expressão bem fora de moda, na “crista da onda”. Os motivos? Não me atrevo a investigar profundamente, deixo para pesquisadores competentes, mas sugiro hipóteses razoáveis.

As inovações são herança do inventor Santos Dumont, sócio do Internacional, clube que se aliou ao América para originar o Athletico? É tudo um efeito da atitude cosmopolita de Joaquim Américo? Vem do estilo de vida aristocrático dos fundadores da instituição? Do protagonismo dos Gottardi? Da índole de Joffre Cabral? É uma propensão amalgamada na resistência popular dos longos tempos de crise? Ou o pioneirismo é por causa do caráter de Mario Celso Petraglia?

Naturalmente, tudo isso forjou, por um século, o grito vanguardista que retumba, com frequência incomum, da Rua Buenos Aires. E eu gostaria de ler, também, uma bem ajambrada tese relacionando panoramas místicos e cromológicos sobre o poder explosivo da combinação das cores preta, associada à elegância e força, e vermelha, ira e paixão. Não tenho dúvida que o apelo estético foi – e é – fundamental na trajetória rubro-negra. 

São 100 anos contando uma história à frente do tempo. Da primeira cancha com arquibancadas no Paraná, a Baixada. De um clube com nome fantasia, o Furacão, graças ao timaço de 49. Do primeiro estrangeiro no futebol paranaense, um paraguaio, até os poloneses.

De torcedores desfilando com elefantes, em 69. De guris que inventaram uma torcida com símbolo de caveira. Das duplas de atacantes super-heróis. Da equipe rompedora de fronteiras com sotaque espanhol, El Paranaense. Dos inúmeros feitos impossíveis só possíveis no Caldeirão do Diabo (você lembrou do Ziquita, certo?). Do centro de treinamento, do naming rights, do teto retrátil, a lista não tem fim.

Ser atleticano, como se vê, é estar sempre por cima. Mesmo quando se está por baixo. Sim, uma certa altivez, e se você quiser chamar de arrogância, também pode, está no DNA trendsetter do torcedor e do clube. Ou não haveria tanta alegria nos tantos anos de tristeza, fracassos que também fabricaram uma identidade singular. Não fosse tudo o que aconteceu, e também aquilo que faltou, e não seria o Athletico: o “time da moda”.

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