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Petraglia, o senhor da razão 

Por
Sandro Moser, especial para UmDois Esportes
11/02/2024 00:01 - Atualizado: 11/02/2024 23:28

Mario Celso Petraglia faz 80 anos neste 11 de fevereiro. Todo torcedor atleticano sabe que a história do clube e, por consequência sua própria vida, não seria como é se nos últimos 30 anos Petraglia não tivesse sido o condutor do mais bem-sucedido processo de transformação de qualquer instituição na história. Ninguém que tenha saído de onde o Athletico saiu chegou aonde o Athletico chegou como foi sob a sua liderança. 

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Podem-se contestar sua postura em relação a muitas coisas, suas declarações diminuindo a história do clube, traços de sua complexa personalidade que o fizeram romper com aliados fundamentais, escolhas e posturas políticas e os cambaus. Eu mesmo já me peguei fazendo e, algumas vezes, em antros e locais de baixo nível. 

Mas é preciso ser um pulha de pai e mãe, para não reconhecer que mesmo que Petraglia não tenha feito gols de bicicleta como Sicupira, ou sido o craque do Furacão como Jackson, muito menos defendido pênaltis como Caju ou feito oito gols decisivos como Alex Mineiro, ele é o personagem mais importante dos 100 anos de história do clube.

Ainda é preciso escrever toda a história deste homem, o oitavo de dez filhos que o casal uruguaio José Benito e Maria deu à luz. O jovem Mario nasceu no Rio Grande, cresceu em Curitiba, sempre frequentando a Baixada até se formar na Faculdade de Direito de Curitiba (FDC), em 1971.

Durante aquela década, tornou-se um dos líderes de grandes grupos empresariais como Enco e Inepar. Seu sucesso profissional o levou a ser uma dos nomes da Retaguarda Atleticana, grupo que sacando seus talões de cheques das capangas de couro salvou o clube da insolvência nos anos 1970. 

Em 1984, assumiu pela primeira vez um cargo oficial no Athletico, curiosamente no mesmo dia em que meu pai também assumiu o seu. Mas nessa época, Petraglia estava muito ocupado com sua participação no grupo político encabeçado por Jaime Lerner que seria muito poderoso no Paraná dos próximos anos. 

Poder, em ciência política, é a capacidade de impor a própria vontade aos demais. Neste ponto de vista, Petraglia foi o dirigente de futebol mais poderoso que já existiu, após passar a dedicar todas as suas horas ao clube.

Pois todo o desenho final da transformação que o CAP passou desde 1995 esteve sempre na sua cabeça. Petraglia era quem sabia onde queríamos chegar e o fez extraindo talento de cada um de seus colaboradores para alcançar seu objetivo. 

MCP pode ter muitos defeitos, mas nunca foi contaminado pela maldição provinciana que faz com que até os talentos aqui da “aldeia” andem olhando para o chão. Em razão disso, comprou muitas brigas bastante traumáticas e sempre fez movimentos ousados no xadrez particular que joga com o tempo, no qual, quase sempre, está várias jogadas à frente.

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Líderes complexos como ele só devem ter seus legados julgados pela história, pois suas biografias são a soma de suas ações, das circunstâncias do seu tempo e da obra que deixaram. Getúlio Vargas, por exemplo, foi o revolucionário ambicioso, o ditador que perseguiu oponentes ou o líder carismático que promoveu mudanças profundas na infraestrutura e direitos sociais do país com reflexos sentidos até hoje?

Foi a soma de tudo isso, mas a imagem mais forte é a final, pois é medida pelo que modificou a vida do povo. Em 2024, quando antigos companheiros com que tinham  rompido “para sempre” estão finalmente de volta à mesa para pensar no futuro do clube, vejo o “ajedrecista charrua” projetando como a história o verá, pois ele sabe melhor do que ninguém que o sol terá que seguir brilhando no CT do Caju, mesmo quando ele não estiver mais lá.

Petraglia Athletico 100 anos

O CT e a piazada que nele segue brotando, aliás, são só um dos muitos símbolos tangíveis que sua liderança legará à história rubro-negra. Na era Petraglia, o Athletico ergueu três vezes a sua arena, pegou o “trem bala” da Copa do Mundo e conseguiu resolver a conta, passou o trator nos rivais locais e em antigos grandes clubes do país, foi um caso de marketing sem igual e pôs seu nome na cápsula do tempo, antecipou o modelo das SAFs em 30 anos e depois mudou de nome, assumiu os quatro ventos. 

Ganhamos os campeonatos brasileiros das Séries A e B, fomos a nove Copas Libertadores e jogamos duas finais. Levantamos dois canecos da Copa Sul-americana e também ganhamos a Copa do Brasil. Sem falar do título mundial que virá, mas ainda não veio. Neste tempo de nossa existência, Petraglia foi o início, o fim e o meio. Amem ou odeiem, é o senhor da razão atleticana.

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