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Jackson, o craque centenário

Por
Sandro Moser, especial para UmDois Esportes
23/01/2024 00:01 - Atualizado: 14/02/2024 08:35

No tempo em que os gigantes andavam sobre a terra, o Athletico também teve o seu supercraque: Jackson Nascimento. O segundo maior artilheiro da história do clube com 143 gols. Na média de gols, entre os que jogaram mais de 100 vezes, o primeiro da lista.

É o maior artilheiro rubro-negro da história do Atletiba ao lado de Marreco, com 15 gols, e o principal goleador do Estádio Joaquim Américo, a atual Ligga Arena. Segundo as estatísticas do clube, Jackson fez gols em 90 jogos. Em 39 deles, anotou pelo menos dois gols. Em 24 partidas, fez o hat-trick e em quatro vezes fez o poker: quatro gols na mesma jornada.

Sua vida se confunde com a do Athletico desde o berço, pois Jackson nasceu quatro meses depois da fundação do clube e, portanto, vai completar 100 anos em 2024. É o último remanescente do lendário Furacão de 1949, o time cujo ataque é a chave de ouro do maior poema atleticano: Viana, Rui, Neno, Jackson e Cireno.

Como 1949 também foi o primeiro ano em que se passou a usar numeração na camisa, foi nosso primeiro 10. O melhor da história. Curiosamente, Jackson fez 10 gols naquela campanha.

Por sorte, convivi nas arquibancadas do Pinheirão e da Baixada com torcedores atleticanos que viram o Furacão jogar. Me falaram de um verdadeiro maestro, um meia-atacante extraclasse com um drible curto e humilhante, chute forte e indefensável, o organizador e finalizador das muitas jogadas ensaiadas do time treinado por Motorzinho.

Filho de Paranaguá, criado em Antonina, Jackson veio estudar em Curitiba no Internato Liceu Rio-Branco. Quando o diretor da escola, que era conselheiro do Athletico, viu o potencial do garoto, não titubeou ao encaminhá-lo para os quadros amadores do Rubro-Negro. Como o pai de Jackson era presidente do Clube Atlético Antoninense, ele estreou pelo time capelista e lá jogou até 1942, quando retornou para o Athletico.

Na época, o CAP contava com muitos jogadores que eram estudantes da elite curitibana e o jovem estudante de direito tinha exatamente o perfil do jogador atleticano que dividia o tempo entre os estudos e o futebol. Seu primeiro contrato profissional com o Athletico foi em 1944. No ano seguinte, o primeiro título pelo Athletico, em uma melhor de três de Atletibas históricos. Nesta altura, Jackson atuava como meia direita, fazendo dupla com o veterano craque Lupércio no meio de campo.

Com o passar do tempo, foi ocupando a faixa da meia esquerda ofensiva, muito pela afinidade total com Cireno, seu maior parceiro dentro e fora dos gramados. Os dois foram os artilheiros do grande Furacão, o time que mudou a história do clube e do futebol paranaense.

Jackson era tão amado que, por sua causa, muitos curitibanos nascidos no final dos anos 1950 e início dos 1940 têm o seu nome.

Em 1950, o Corinthians veio buscá-lo numa transferência cujos valores pagos ao Athletico e ao próprio jogador como luvas e salários eram sem precedentes no futebol paranaense da época. Muita gente foi ao aeroporto ver o Douglas DC-3 levar embora a grande estrela do futebol local. Jackson fez muito sucesso em São Paulo, mas na hora de renovar o contrato no final de 1952, falou mais alto a promissora carreira jurídica que o esperava em Curitiba e o coração atleticano.

Voltou ao "Furacão" em 1953 para ser artilheiro do campeonato paranaense com 21 gols marcados. Encerrou a carreira em 1957, após mais de 300 jogos com a camisa que vestiu com muito amor. Fora dos gramados, Jackson fez parte da comissão técnica atleticana em 1958 que conquistou o título estadual naquela temporada. Trabalhou também como Diretor de Futebol e de Patrimônio, sempre ligado às coisas do clube.

No livro "Atletiba – A Paixão das Multidões", Carneiro Neto conta a história do primeiro Atletiba do carrasco Jackson depois de sua volta. O rival vencia por 1 a 0 e a torcida começou a provocar o craque rubro-negro: “Cadê o Jackson?”

Eis que o camisa 10 recebe a bola, entorta o ídolo coxa Fedato e faz mais um golaço. Na comemoração, ele foi até a arquibancada de madeira de onde os torcedores o provocaram e, batendo a mão direita no pé esquerdo, deu um sorriso e disse: “O Jackson está aqui”.

Saber que Jackson do Nascimento, monstro sagrado da história atleticana, ainda “está aqui” no ano do centenário é o maior presente que nossa torcida poderia ter.

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