O ex-presidente Rubens Ferreira e Silva, o Rubão, é o atual detentor de 10% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Paraná Clube. Quando o Tricolor constituiu sua SAF, em 2022, 90% das ações ficaram com o clube, e os outros 10% com Rubão, então cartola máximo da entidade.

A justificativa para a medida, de acordo com a diretoria da época, liderada por Rubão, e que tinha como vice-presidente Ailton Barboza, atual mandatário do clube, foi uma forma de proteção para evitar a venda de 100% do Paraná.

Havia o temor na então cúpula de que houvesse uma mudança de grupo diretivo e uma tentativa de vender a totalidade das ações para um eventual investidor. As informações foram divulgadas inicialmente pelo jornalista Guilherme Moreira e confirmadas pela reportagem do UmDois Esportes.

De acordo com Rubão, um documento foi apresentado no Conselho Deliberativo, provando que essa porcentagem será repassada para a associação quando houver a venda da SAF.

“Existe documento no clube desde 2022. Estranho alguém novamente tocar nesse assunto. O percentual de 10% foi uma garantia de que nunca venderiam 100%”, afirmou o ex-presidente Rubão, em resposta para a reportagem do UmDois Esportes.

A reportagem do UmDois também abordou membros do Conselho Deliberativo que garantem que esse documento já foi apresentado para os conselheiros durante as reuniões.

O Conselho Deliberativo do Paraná é gerido pelo presidente, Eduardo José Ombrellino; o 1º vice, Christian Knaut; o 2º vice, Willian Kindlein Kaudy; a 1ª secretária, Carolina Reis Borges; e o 2º secretário, Cássio Poletto. A atual gestão diz respeito ao período 2024/2027.

Atualmente, a Lei da SAF permite que um clube venda 100% de suas ações para investidores, embora isso não seja comum. Um exemplo é o rival Coritiba, que negociou 90% e manteve 10%. Essa participação garante à associação o poder de vetar determinadas decisões, como a venda de bens, a alteração do escudo ou das cores, entre outras.

Futuro do Paraná Clube tem novo capítulo

Enquanto aguarda a Assembleia Geral dos Credores para dar andamento à venda da SAF, o Paraná Clube recebeu uma notícia em relação à Sede da Kennedy: a Justiça marcou para o dia 15 de abril de 2026 a data do leilão do terreno.

Inicialmente, o valor mínimo do leilão será de R$ 68 milhões, abaixo dos R$ 80 milhões avaliado pelo Tricolor. Se não houver lances, um novo pregão será realizado duas semanas depois, com valor 40% menor. Ainda haverá outras duas possibilidades de leilão, sempre com o montante reduzido.

Sede da Kennedy. Foto: Arquivo/UmDois

Vale lembrar que o plano prevê que a dívida dos credores seja paga exclusivamente com a venda da Sede da Kennedy. Dependendo do valor arrecadado, parte das pessoas ou empresas que têm valores a receber pode ficar sem nada.

Por exemplo, se a Kennedy for vendida por R$ 40 milhões, os credores da categoria Classe de Sobra teriam um deságio de 99%. Esse percentual chegaria a 100% caso a venda ocorresse por R$ 30 milhões.

Paraná Clube: Rubão teve gestão polêmica marcada por fracassos

Envolvido em nova polêmica em relação à SAF, Rubão foi presidente do Paraná entre 2022 e 2024. Ao assumir, declarou que teria de “ser muito incompetente para deixar o Paraná pior”. No entanto, teve sua diretoria marcada por erros e rebaixamentos.

Rubão foi de presidente a dono de 10% da SAF. Foto: Arquivo/UmDois

Ele assumiu um clube já esfacelado. Mas, logo em seu primeiro ano oficial de mandato, liderou a campanha de rebaixamento no Campeonato Paranaense de 2022. Na sequência, fracassou também na Série D e deixou o Tricolor sem calendário nacional.

Em 2024, Rubão se afastou temporariamente do cargo de presidente. Foi neste período de ausência que o Paraná obteve o acesso no Estadual, sob o comando do empresário Carlos Werner. Na sequência, ao fim de seu mandato, Rubão ainda conseguiu eleger seu vice, Ailton Barboza, como sucessor.

Em 2025, foi a vez de Barboza participar de mais um vexame no clube, com novo rebaixamento no Campeonato Paranaense.

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