Ídolo do São Paulo e da Lazio, da Itália, André Dias viveu o primeiro grande momento profissional com a camisa do Paraná Clube.
O hoje ex-zagueiro era titular do time campeão do Módulo Amarelo da Copa João Havelange em 2000 e ainda marcou o primeiro gol da vitória no jogo de volta da final por 3 a 1 sobre o São Caetano, no Parque Antártica, em São Paulo.
Em entrevista ao UmDois Esportes, André Dias destacou o ambiente paranista e a importância dos companheiros mais experientes, entre eles Nem, campeão brasileiro também com o Athletico, e Milton Do Ó.
“As coisas foram encaixando de uma forma tão grande. Nem, Ageu, Hilton, que era um dos melhores zagueiros que joguei muito e saltava três vezes mais que a gente que era mais alto. Era uma mescla de jovens com experientes e deu certo isso”, relembra.
O Paraná tinha um ambiente igual ao do São Paulo [tricampeão brasileiro entre 2006 e 2008]. Nós tínhamos jogadores que idolatrávamos, estávamos sempre na arquibancada e depois de três meses já estávamos junto com os caras. Um exemplo é o Milton Do Ó, que tem a mesma idade que eu, mas já era titular há uns dois anos. Parecia que era muito mais experiente que eu. O Lúcio Flávio é meu amigo e conversamos até hoje. E o Nem me ensinou muito a jogar no 3-5-2. Se busco minha carreira, joguei mais como zagueiro da sobra do que no combate. Tive bons professores e um deles era o Nem.

André Dias chegou ao Paraná Clube no final da década de 1990 para jogar ainda nas categorias de base e quase não passou na avaliação na Vila Olímpica.
“Chego no CT do Boqueirão, onde tem os alojamentos, e posso falar que tinha mais de 300 pessoas no campo para fazer a avaliação. O meu colega disse que o Paraná era um clube grande e para eu fazer o que sabia. Chego no Paraná junto com o volante Fredson, que jogou no São Paulo também”, lembrou.
“Fiquei duas semanas fazendo avaliação e na primeira quase fui mandando embora, porque o Ary [Marques, ex-técnico da base] disse que eu estava mole. Eu dei uma virada de chave, comecei a correr e sou aprovado no Paraná. Era profissional, mas eu tinha idade para a base. Fomos campeões da Copa Tribuna, do Campeonato Paranense e fizemos uma boa campanha na Copa São Paulo, onde fiz três gols. O Paraná, depois, me comprou do Palestra [de São Bernardo, no ABC Paulista]”, complementou o ex-zagueiro.
Athletico ou Coritiba: quem era o maior rival do Paraná Clube?
Os anos de 1990 e o início dos 2000 foram os melhores da história do Paraná Clube, com seis títulos de Campeonato Paranaense em sete anos e dois da Série B. Na época, o Tricolor encarava Athletico e Coritiba de igual para igual nos clássicos, mas na avaliação de André Dias, existia um rival mais complicado.
“A rivalidade era maior com o Athletico. Com o Coritiba, nós ganhávamos e perdíamos. Mas com o Athletico, eu mais perdi do que ganhei e era o time mais forte da época, tanto que foi campeão brasileiro. O Athletico tinha um time muito bom. Lembro dos jogadores do Athletico de tanto que eles eram bons”, destacou o ex-zagueiro.
Zagueiro lamenta atual momento do Paraná Clube

Duas décadas e meia depois do último título nacional, o Paraná Clube vive uma realidade diferente. O Tricolor caiu novamente para a segunda divisão do Campeonato Paranaense, desistiu de disputar a Taça FPF e só volta a campo em abril do ano que vem. Sem jogos, o foco é na venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
André Dias lamentou a atual situação paranista, mas não se surpreende por conta de decisões das gestões dos últimos anos.
“Triste demais ver onde o clube chegou na questão de dívidas e não ter calendário. Eu sou torcedor paranista, assisto aos jogos do Paraná e no ano passado fui em dois jogos na Vila Capanema. A gente precisa entender que o Paraná vem passando por essa situação há muitos anos”, opinou.
Eu imaginei que essa situação que o Paraná está hoje iria acontecer uns cinco, seis anos para trás devido às situações. Conversando com algumas pessoas que trabalharam no clube, o Paraná foi muito negligente nas questões trabalhistas, não aparecer em audiência e não ter ninguém para representar. Dívidas pequenas que poderiam ser pagas na hora, mas viraram uma bola de neve. O problema do Paraná não é torcida. A gente viu a torcida lotar os estádios no Campeonato Paranaense. É uma questão jurídica e as pessoas que entraram. Não podemos generalizar, mas será que os dirigentes são paranistas e querem ver o clube crescer? Ou entram por status ou para tentar tirar algum proveito financeiro do clube? Passaram algumas pessoas que tiveram esse pensamento.