Ucrânia debate possibilidade de boicotar Olimpíadas de Paris
O Comitê Olímpico da Ucrânia se reunirá nesta sexta-feira para consultar as federações esportivas do país sobre um possível boicote aos Jogos Olímpicos de Paris, caso seja permitida a participação de atletas russos e bielorrussos, mesmo que com bandeira neutra.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) indicou que esportistas de Rússia e Belarus poderiam participar de competições internacionais, sem defenderem as respectivas nações, desde que não tenham "apoiado ativamente" a invasão da Ucrânia.
O comitê olímpico ucraniano divulgou hoje uma carta do presidente da entidade, Vadym Guttsait, dirigida ao presidente do COI, Thomas Bach.
No texto, o dirigente destaca que os comitês russo e bielorrusso são totalmente controlados pelos respectivos governos, "enquanto que muitos atletas servem aos exércitos, que são responsáveis pelas mortes de centenas de pessoas pacíficas na Ucrânia, incluindo integrantes da família olímpica".
Gutsait também afirmou que muitos dos principais atletas russos defendem abertamente as ações do governo na Ucrânia.
O presidente do comitê olímpico ucraniano cobrou que seja impedido que esportistas da Rússia e Belarus participem de qualquer competição internacional, enquanto as tropas de Moscou promovem "o genocídio dos ucranianos".
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Personalidades da Ucrânia criticam COI
Embora não haja uma decisão formal sobre a participação nos Jogos Olímpicos, muitas personalidades do esporte da Ucrânia já manifestaram decepção com o posicionamento do COI.
O ex-jogador de futebol, Andriy Shevchenko, afirmou hoje que o evento poliesportivo é uma chance de transmitir uma mensagem para audiências globais.
Se é permitida a participação de atletas de Rússia e Belarus, escreveu o ex-atacante do Milan no Facebook, a mensagem do COI para todo o mundo seria de que "a guerra terminou, tudo pode ser perdoado e esquecido".
O ex-tenista Sergiy Stakhovskyi, que atualmente está servindo ao exército ucraniano, destacou repetidamente que atletas russos poderiam utilizar sua popularidade para difundir a verdade sobre as ações do país na Ucrânia, ajudando a parar a invasão.
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A ideia de ficar fora dos Jogos, contudo, encontra resistência na Ucrânia, como indicaram os medalhistas olímpicos Zhan Beleniuk e Olga Saladukha, atualmente, membros do Parlamento nacional, que publicaram uma nota oficial conjunta.
"Mostraria fraqueza e cederia o cenário esportivo internacional para assassinos, terroristas e estupradores", disseram os ex-atletas.