A Associação de Futebol de Israel, juntamente com vários políticos e atletas, expressou nesta terça-feira (20) repúdio aos cantos racistas usados ontem por seu próprio público contra o jogador árabe israelense Mohammad Abu Fani, durante a vitória por 2 a 1 sobre Andorra, em Jerusalém, pelas eliminatórias da Euro 2024.

“Abu, você é um de nós, assim como todos nós, nosso irmão”, escreveu a Associação de Futebol de Israel através das suas redes sociais, onde também compartilhou uma imagem com a camisa do jogador e a mensagem “Não ao Racismo” escrita em inglês.

O ministro de Cultura e Esportes de Israel, Miki Zohar, também se referiu às palavras de ordem racistas contra o jogador, que incluíam gritos como “terrorista” e assobios constantes, que ele descreveu como “comportamento desnecessário e estúpido que não contribui para nada, apenas para magoar”.

O ex-ministro da Defesa e atual membro da oposição, Benny Gantz, disse por meio de sua conta no Twitter que “os gritos racistas contra Abu Fani envergonham o esporte israelense e todo o Estado de Israel”.

“Mohammad Abu Fani não é menos israelense do que qualquer outro jogador da seleção israelense”, acrescentou Gantz, após o jogo que deixou Israel em terceiro lugar no grupo de qualificação para a Euro, atrás de Suíça e Romênia.

Jogadores da seleção de Israel apoiam Abu Fani

Vários jogadores da seleção nacional, incluindo seu principal nome, Manor Solomon, também se expressaram através das redes sociais em apoio ao jogador, que atua como meio-campista e que recentemente acertou com o foi transferido da Hungria para o Ferencvarosi, da Hungria, após se sagrar tricampeão do Campeonato Israelense com o Maccabi Haifa.

De acordo com a imprensa local, os jogadores solicitaram à Associação que transferisse a próxima partida da seleção para o estádio Bloomfield, em Tel Aviv, em vez de jogá-la no estádio Teddy, em Jerusalém, cujo time, o Beitar Jerusalem, é conhecido por seu racismo torcedores e de extrema-direita.

O episódio de ontem com Abu Fani não é novidade no futebol israelense, onde casos semelhantes foram registrados nos últimos anos.

A mais recente foi a de Munas Dabbur, outro jogador pertencente à minoria árabe de Israel – formada por palestinos e descendentes dos que permaneceram nas fronteiras do Estado desde sua fundação em 1948 -, que deixou a seleção no ano passado após ser constantemente vaiado por torcedores locais devido suas declarações sobre o conflito em Gaza em 2021.

Em fevereiro deste ano, Eli Dasa, jogador israelense de origem etíope e capitão da seleção nacional, declarou após sua chegada ao Dínamo de Moscou que o racismo que vive na Rússia “não é nada comparado ao que enfrentou em Israel”, onde afirmou ele sofria de racismo em quase todos os jogos.