O Coritiba não pode desperdiçar a feliz coincidência de ter um jogo em casa, contra o vice-líder da Série B, justamente no dia do seu aniversário.

Primeiro porque seria uma desfeita com seu torcedor, a diferença entre o Coxa imbatível que joga no Alto da Glória e o time preguiçoso que vaga pelos outros estádios da Segundona.

E também porque queimaria a pouca gordura que ainda lhe restou na liderança. Com apenas um ponto de vantagem sobre o Criciúma (hoje são quatro) e talvez somente três em relação ao quinto colocado, o sentimento de reprise do filme pastelão do ano passado seria inevitável e as conseqüências, incertas.

O problema é que, se as duas derrotas no Nordeste deixam o Coritiba em um momento nem ruim nem bom, o Criciúma volta a crescer. Ainda não é aquele Tigre que todos davam como promovido no primeiro turno, mas também já não parece condenado a assumir o papel interpretado pelo Coxa e pelo Avaí no ano passado.

Cara nova


Willian: estréia em dia de festa.

Sem Careca (suspenso) e Veiga (machucado), René Simões acena com a estréia do garoto Willian, de 18 anos. Baita sacada do Flanders. Colocar mais um piá no time, com o estádio lotado e a torcida inflamada, pode ser a fagulha para o time pegar fogo em campo.

Pelo ponto de vista tático, as indicações de que Willian tem futebol semelhante ao de Hélcio – logo, próximo ao que Veiga e Careca fazem – levam a crer que o time não perderá a identidade com a entrada dele.

Já Túlio é mais ofensivo, já mostrou que não funciona como primeiro volante. O time ficaria com ares de carrossel, mas com “cavalinhos” não produziriam, necessariamente, um ritmo harmonioso.

Ataque ideal
A constituição do ataque do Coxa para hoje é, na minha opinião, a ideal. Nem tanto pelas peças, mas pelo estilo dos jogadores. Keirrison fez seu melhor jogo no ano contra o Ceará assim, se deslocando pelos lados, não preso na grande área. Essa função será exercida por Gustavo, futebol de poste, jeito de poste, dna de poste.

Particularmente, prefiro Hugo, mas o clone do Marcel esteve apagadinho nos últimos jogos. Sorte ao papa.

Roupa nova
O Coritiba irá estrear novo uniforme. A camisa deve estar chegando agora ao Aeroporto Afonso Pena. Nem o pessoal do clube viu o traje em “carne e osso”, só por desenhos. E todos aprovaram. Se o modelo for mesmo similar ao do Celtic, também aprovo. A camisa é belíssima.

Mas o busílis é o histórico alviverde de estrear camisas novas. De cabeça, lembro daquela horrorosa versão verde e amarela que debutou tomando 2 a 1 do Corinthians, em 2003. E também da réplica do título de 85, que veio ao mundo empatando por 1 a 1 com o Brasiliense, em 2005. Os dois jogos no Couto. Bate na madeira!

You’ll never walk alone
E o espírito do Celtic baixou mesmo no Coritiba. Como se não bastasse a camisa, um grupo de torcedores criou e está vendendo faixas de mão com a frase “Coxa eu te amo”.

A inspiração é o Verdão católico de Glasgow. Lá, o povo usa faixa similar (na verdade, cachecóis) para cantar You’ll never walk alone, música dos anos 40 que já foi gravada por Elvis e Sinatra e que é hino oficial da torcida do Liverpool. O Celtic pegou o belíssimo e arrepiante canto emprestado para si.

El Tigre
Se o Coritiba vem de duas derrotas, o Criciúma ganhou seus dois últimos jogos: 2 a 1 no Gama e 2 a 1 no Brasiliense. Os resultados levaram o Tigre à vice-liderança e deram confiança a Roberto Cavalo, que pegou o time em crise e fora do G-4 após a saída de Gélson da Silva.

Para hoje, Cavalo terá a volta do volante Basílio, que estava suspenso. Sai o zagueiro William. Com isso, o Tigre terá uma linha de quatro zagueiros e outra de três volantes apenas para defender. Mateus e Marco Antônio no meio e Jean Coral no ataque serão as válvulas ofensivas do time catarinense.

Precaução
Cavalo tem três preocupações em relação ao Coritiba. Uma, a pressão da torcida, ele não tem como controlar. As outras duas foram foco de treinamento ao longo da semana: os cruzamentos de Anderson Lima para a chegada de cabeça de Henrique; a movimentação de Túlio, que foi jogador dele no Marília.

Inimigo íntimo
Roberto Cavalo começou a jogar bola no Atlético. Foi campeão paranaense em 1988, sobre o Pinheiros, no Pinheirão. Sabe bem o que é enfrentar o Coxa e sua torcida.

Interminável
O Criciúma tem uma série de jogadores jovens. Quem destoa é Silvio Criciúma, remanescente da campanha vitoriosa na Copa do Brasil de 1991.

Olho nele
Jean Coral é a bola da vez no Tigre. Jogador das categorias de base, marcou três gols nos últimos dois jogos.

Almanaque
Não é a primeira vez que Coritiba e Criciúma se encontram em uma Série B.

Em 1990, as duas equipes jogaram duas vezes na primeira fase. No Alto da Glória, 3 a 1 para o Coxa, gols de Tostão, Moreno e Ronaldo Lobisomem. No Heriberto Hulse, 2 a 1 para o Tigre – Ronaldo fez o gol coxa. O detalhe dessa partida é que ela marcou o início da interinidade de Dirceu Krüger. Na rodada anterior, o Verdão levou 2 a 0 do Juventude, em casa. O técnico Luiz Felipe Scolari (ele mesmo) pediu demissão e pegou carona com o Ju para Caxias do Sul.

No ano seguinte, mais uma vez uma vitória para cada lado na primeira fase: 2 a 0 para o Criciúma lá, 2 a 1 para o Coxa aqui. O Coritiba seguiu até a semifinal, enquanto o Tigre ficou pela primeira fase.

Em 92, mais dois duelos. No Alto da Glória, 1 a 0 para o Criciúma. No jogo do returno, em SC, o Coxa precisava vencer para subir. Venceu por 1 a 0 e sacramentou o retorno à elite fazendo 2 a 1 no Joinville.

Na Série A, dois encontros inesquecíveis. No dia 20 de setembro de 97, o Coxa abre 2 a 0 no Couto, mas cede o empate. Nos acréscimos, o zagueiro Zambiasi (que havia marcado o primeiro gol), garante a vitória com cabeçada certeira.

Em 2003, última rodada do Brasileiro, o Coritiba bate o Tigre por 2 a 0, gols de Marcel e Lima, e garante sua volta à Libertadores após 18 anos.

Como vencer o jogo
O lateral-direito Alex Sandro é fraco. Só vai jogar porque Thiago Machado está suspenso. Fabinho, Keirrison e Douglas Silva devem aproveitar o setor para triangulações e jogadas rápidas.

Como perder o jogo
Jean Coral é veloz e está em grande fase. Mateus e Marco Antônio têm a função de municiá-lo. Mais uma razão para Willian jogar. E para René avançar um dos zagueiros, não sobrecarregando a marcação no meio-de-campo.

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