É impossível não ficar desconfiado com a contratação de Renê Simões pelo Coritiba. A carreira do treinador é pontuada muito mais por empreitadas exóticas, como comandar as seleções masculinas da Jamaica, Trinidad & Tobago e Irã ou a feminina do Brasil, do que por projetos, digamos, convencionais.

O último do gênero comum foi um fracasso retumbante. Caiu com o Vitória para a Terceira Divisão.

Renê abusa do trabalho motivacional – embora tenha um bom conhecimento técnico e tático. Lembro, por exemplo, de uma matéria com ele na época da Olimpíada de Atenas em que perguntei se ele comparava seu estilo ao do professor interpretado por Robin Willians no filme Sociedade dos Poetas Mortos. A resposta: “Você até me arrepiou com essa comparação. É um dos meus filmes favoritos…”

A minha dúvida é quanto ao prazo de validade deste discurso carregado de metáforas e correlações. No futebol, dificilmente dura mais de três meses. Logo os boleiros já estão caçoando do treinador pelas costas e rindo das analogias.

Acho que seria mais válido pegar os R$ 30 mil que serão pagos a Renê Simões e os cerca de R$ 60 mil que seriam economizados dispensando Muñoz e Caíco e contratar Ivo Worttman, Geninho ou algum outro técnico cuja performance não seja uma grande incógnita.