Já perdi a conta de quantas vezes a cartolagem local, irritada com alguma matéria que não foi do seu agrado, citou a imprensa gaúcha como antítese do autofagismo que seria praticado com maestria pela mídia aqui da terrinha. Pois nesta sexta-feira tivemos um belo exemplo de que as coisas lá nos Pampas não são esse paraíso pintado pelos nossos dirigentes.
Matéria da Zero Hora assinada por Leandro Behs traz pesadas declarações do goleiro Clêmer sobre uma suposta ingerência do diretor de futebol, Giovani Luigi, na escalação do time desde que Gallo assumiu o lugar de Abel Braga. A uma certa altura, o frangueiro colorado manda o repórter perguntar “para o Luigi por que eu perdi a vaga no time. Não é ele o treinador agora?”.
Logicamente Behs não inventou as declarações de Clêmer. Ele é um dos melhores repórteres do quarto maior jornal do país, escreve regularmente para a revista Placar. Não jogaria sua reputação na lama em uma situação dessas.
E logicamente Clêmer, nesta sexta-feira, negou tudo que foi publicado. Chamou o repórter de mentiroso, agitador e encabeçou uma reunião na qual o “grupo se fechou” — contra o jornalista, claro.
No muito bem ensaiado discurso do Inter, a imprensa tem atrapalhado a mal planejada (observação minha) temporada de ressaca do atual campeão mundial.
Uma situação muito bem resumida por Luiz Zini Pires, do blog 90 Minutos, no ClicRBS: “A imprensa local é sempre culpada na hora da crise. No momento da vitória, a imprensa local é a melhor do mundo. Será que não dá para chegar num ponto de equilíbrio?”
Questão para ser refletida e respondida não só no Rio Grande do Sul, mas também aqui no Paraná.