O Coritiba SAF (Sociedade Anônima de Futebol) não foi negociado pela Treecorp Investimentos, empresa dona de 90% das ações. Apesar de a imprensa equatoriana noticiar como certo que o Grupo Independiente, responsável pela gestão do Independiente Del Valle, adquiriu o clube do Alto da Glória, a transação não ocorreu – e a diretoria alviverde nega veementemente.

O cenário atual apresenta, por enquanto, apenas interessados no Coxa. A reportagem apurou que até aqui cinco grupos diferentes já fizeram contato e manifestaram interesse na compra do clube. Um deles foi o agente mundialmente conhecido Giuliano Bertolucci, conforme antecipado pelo colunista Augusto Mafuz.

Outro interessado, que se mostra até mais próximo do Coxa, é o Grupo Independiente, o primeiro conglomerado de clubes criado na América Latina. A informação divulgada inicialmente pelo jornalista Rogério Scarione, da rádio Jovem Pan News, no fim de agosto.

Porém, internamente, o entendimento é que o clube hoje está bem gerido do ponto de vista financeiro e o momento não é o correto para vender o controle do Coritiba. Além da boa campanha na Série B, com alta probabilidade de acesso, o valuation do clube – adquirido com promessa de investimento total de R$ 1,3 bilhão – pode ser muito mais alto em negócio feito a longo prazo.

Outro ponto importante a se destacar: qualquer venda precisa passar pela da Associação e Conselho Deliberativo. Além disso, os investimentos ainda não realizados, como os R$ 100 milhões para o novo centro de treinamentos e R$ 500 milhões para a modernização do Couto Pereira, precisam ser garantidos pelo eventual comprador.

Investimento no Coritiba pode acontecer

O que pode acontecer sem o aval da Associação são investimentos nos fundos do Coritiba. Tanto o Grupo Independiente quanto o empresário Giuliano Bertolucci podem, por exemplo, aportar capital na SAF, assim como o empresário Joel Malucelli já fez de forma individual.

Caso isso aconteça, os interessados no Coxa poderiam fazer proposta para adquirir ações majoritárias e o controle total no futuro. Por enquanto, o Coxa nega qualquer negociação nesse sentido, já que não enxerga a perda do controle do clube como passo inteligente no momento.

Empresa assumiu o futebol do Coritiba neste ano

CEO do Coritiba, Lucas de Paula. (Foto: JP Pacheco/Coritiba)

Outro ponto importante nos negócios envolvendo a SAF do Coritiba foi que, em abril deste ano, a Treecorp anunciou a OutField como parceira estratégica na administração do dia a dia do clube.

A empresa passou a atuar diretamente no dia a dia da operação, com o objetivo de aprimorar a gestão do Coxa, equilibrando resultados esportivos e sustentabilidade financeira no longo prazo.

Como parte importante desse movimento, Lucas de Paula, sócio-fundador da OutField, assumiu o cargo de CEO do Coritiba, ficando responsável por liderar a execução do projeto.

Interessados no Coritiba: conheça mais sobre o Grupo Independiente

A proximidade da cúpula do Coritiba com o Grupo Independiente se deve aos contatos constantes desde o primeiro semestre, que serve também para a Treecorp ter mais experiências na gestão de um clube de futebol.

Enquanto a torcida do Coritiba, revoltada com a Treecorp, protagonizava o protesto histórico na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, dois dos principais dirigentes alviverdes estavam no Equador.

O head esportivo William Thomas e Bruno D’Ancona, sócio-administrador da Treecorp, foram conhecer as instalações do centro de treinamento do Independiente Del Valle.

O time virou referência no futebol sul-americano pela estrutura, divisões de base, e resultados recentes como o bicampeonato da Copa Sul-Americana (2019 e 2022) e título da Recopa Sul-Americana (2023).

O Del Valle é comandado pelo Grupo Independiente, que atua como um conglomerado de clubes. O modelo é semelhante ao do Grupo City e ao Grupo Eagle, responsável pelo Botafogo.

Além do Del Valle, o grupo controla o Numancia, da terceira divisão da Espanha, desde 2021 e passou a comandar o Atlético Huila, da segunda divisão da Colômbia, desde 2023. Ou seja, é um grupo acostumado a possuir ações majoritárias para definir as ações dos clubes que possui.

Giuliano Bertolucci, o empresário mais influente do futebol brasileiro

Empresário Giuliano Bertolucci. (Reprodução/Redes sociais)

Em meados de junho, o colunista Augusto Mafuz noticiou, em primeira mão, que o empresário Giuliano Bertolucci está avaliando a compra de parte das ações da SAF do Coritiba. 

“Em São Paulo, é forte a informação que o empresário Giuliano Bertolucci está vendendo as ações da Ferroviária, de Araraquara, e está adquirindo parte das ações da Treecorp. Isso deve acontecer nos próximos meses. Já está em fase de levantamento de toda a situação contábil e financeira da SAF Coritiba. É essa a expectativa que se tem, um dos maiores agentes do mundo hoje”, disse Mafuz no podcast Carneiro & Mafuz.

Herdeiro da Lorenzetti, Bertolucci é um dos maiores agentes de futebol do mundo. Atualmente, o empresário é reconhecido como o “mais poderoso” do ramo atualmente. A estimativa é que os clubes do Brasileirão devem em torno de R$ 300 milhões ao empresário.

O Corinthians já reconheceu uma dívida de R$ 78 milhões e é o clube que mais deve a Bertolucci. São Paulo, Fluminense, Atlético-MG e Vasco são outras equipes devedoras ao empresário, que segue com ótima atuação e não torna as cobranças públicas.

O agente já participou de transações como a ida de Deco, já aposentado, para a Europa e a venda de Philippe Coutinho ao Barcelona, entre centenas de outros negócios. Além disso, ele detém 92% da SAF da Ferroviária, rival do Alviverde na Série B.

Avesso à fama, o empresário mantém discrição e conta com sócios, como Beto Fedato e Júlio Taran, que é o responsável pela aproximação com o Coritiba. Segundo Rogério Scarione, Taran mantém contatos com a Treecorp desde março, mesmo período em que os dirigentes viajaram ao Equador.

Para completar, o filho dele, Fillipo Bertolucci, também conhecido como Pipo, é o dono da SAF da Ferroviária. Rival do Coxa na Série B, o clube paulista vendeu 92% das ações do clube por R$ 30 milhões.

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