Estádio, CT, associação civil… oito perguntas e respostas sobre a SAF do Coritiba
A transformação do Coritiba em clube-empresa, mais especificamente em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), vai mudar conceitos enraizados sobre o funcionamento de um clube de futebol.
Mas o que, efetivamente, será diferente após o término de todos os trâmites legais – aprovação pelo Conselho Deliberativo, Assembleia de Sócios e juízo da Recuperação Judicial – que vão confirmar a compra da SAF pelo fundo de investimentos Treecorp? Tire suas dúvidas nas perguntas e respostas abaixo!
Qual será o papel da associação civil Coritiba?
O principal papel é de fiscalização. A associação terá apenas um nome no Conselho de Administração da SAF, ou seja, zero poder de decisão na maioria dos temas. Alguns assuntos, no entanto, exigirão unanimidade e terão de passar pelo crivo desse membro, que inicialmente deve ser o presidente em exercício do clube, Glenn Stenger. Nos primeiros 12 meses também haverá uma "comissão de transição" para acompanhar o trabalho no futebol.
A associação tem algum poder de interferência na gestão do futebol?
Nenhum. As decisões são da SAF, que será comandada pelo CEO, Carlos Amodeo. O profissional, por sua vez, responderá ao Conselho de Administração, que é quem escolhe os profissionais que trabalharão no clube. O atual modelo, com presidente e G5, que pode ser alterado a cada ciclo político, não vai mais existir no Coritiba.
O que mais mudará na associação?
Um novo estatuto está sendo produzido e a tendência é reduzir drasticamente o número de conselheiros – o G5 também não será mais necessário. A associação terá uma estrutura enxuta, com poucos funcionários, algo realmente condizente com a necessidade. A alteração estatutária, no entanto, não vai acontecer na eleição de dezembro de 2023, somente para o próximo ciclo.
Quem fica com o estádio Couto Pereira?
No papel, a associação civil Coritiba segue como a dona do Couto Pereira. Porém, o estádio será cedido à SAF por 50 anos. O clube-empresa fica com toda a receita gerada pelo estádio e ao mesmo tempo paga por todos os seus custos.
Qual o investimento no estádio e quanto tempo o novo Couto levará para ficar pronto?
Contratualmente, R$ 500 milhões são exclusivamente para a modernização do Couto Pereira – os valores são reajustados ano a ano pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). A SAF tem sete anos para iniciar as obras, que precisam estar concluídas em até dez anos.
Como funcionará o investimento no futebol do Coxa?
Basicamente, a Treecorp tem fixado em contrato a obrigação de investir R$ 450 milhões no futebol coxa-branca (salários e contratação de jogadores) em até dez anos. Mas ele pode acontecer em um ano, por exemplo, se assim for definida a estratégia. Os detalhes sobre o investimento estão nessa reportagem.
Qual o investimento para construção do novo centro de treinamento?
O valor para a construção do novo centro de treinamentos do clube, em Campina Grande do Sul, é de R$ 100 milhões. As obras precisam começar em até dois anos e finalizarem em quatro. Ao contrário do estádio, o CT será da SAF, não da associação civil. O CT da Graciosa também será transferido para a SAF, que futuramente pode vender a área.
Existe hipótese de a associação civil reassumir a SAF?
Sim, mas ela é remota. A associação assumiria a SAF, por exemplo, em caso de inadimplemento de garantias líquidas. Caso deixem de ser pagas dívidas que possam levar o Coritiba à falência, a associação tem um instrumento para retomar as rédeas antes do prazo fatal. Em outro contexto, caso os novos donos queiram vender a SAF por valores menores do que compraram, a associação tem preferência. Se a venda for ocorrer por uma quantia maior, a associação tem uma proteção: o negócio só pode ser concluído com garantia de reputação ilibada do novo comprador e capacidade financeira para cumprir obrigações ainda em aberto.
