Durou pouco — e rendeu menos ainda — a considerável expectativa gerada em torno do atacante Luizão após a campanha do título da Copa do Brasil sub 20 pelo Coritiba, em 2021.

Ou melhor: o Coxa aceitou 800 mil dólares, cerca de R$ 4,3 milhões, para vender 60% dos direitos econômicos e acertar a ida do jovem de 19 anos para o Al-Wasl, dos Emirados Árabes.

O valor já é baixo para os padrões do futebol brasileiro. Para o clube mais rico de Dubai, é troco de bala. Mas há quem tenha comemorado.

Voltando ao Alto da Glória: a apressada trajetória de Luizão repete a de outros pratas da casa que poderiam ter rendido mais, tanto esportiva, como financeiramente.

O caso mais simbólico é o de Matheus Cunha, vendido ao Sion em 2017 por cerca de R$ 700 mil, em uma trapalhada da gestão Bacellar. Hoje, é atleta do rico Atlético de Madrid e presença em listas do técnico Tite. Vale centenas de milhões de reais.

Juarez Moraes e Silva e Glenn Stenger, presidente, e vice, respectivamente, posam com Luizão. Foto: Divulgação/Coritiba

Talvez Luizão não tenha o mesmo sucesso do excepcional Cunha (ninguém na Graciosa viu que ele era excepcional?). É provável. Mas as saídas são similares.

Parece não haver paciência no Couto Pereira com os jovens da base. Não há curva de desenvolvimento. É sintomático.

E isso se estende à parte da torcida também – basta recordar as insaciáveis críticas a Dodô, que hoje também vale centenas de milhões no futebol europeu. Ele tinha 17 anos quando estreou no Coxa.

A exceção foi Igor Paixão: também era criticado, foi emprestado, voltou, se firmou e virou a venda mais cara da história do clube. Um roteiro muito mais saudável – e lucrativo.

Luizão fez somente dez jogos pelo
time profissional. Anotou um gol. Tinha contrato até 2024. No caminho, um
empréstimo fracassado para a Tombense.

De volta ao clube, não teve chances, diante da concorrência dos veteranos Léo Gamalho e Adrián Martínez. Ou de Matheus Cadorini, jovem emprestado do Inter.

A questão não é específica de Luizão. Como dito, ele pode até não “vingar”. É a amarga sensação de filme repetido. Um jovem da base não precisa ser um craque. Mas, bem tratado, pode virar uma venda mais valorizada.

É uma questão de mentalidade que parece se repetir no Coritiba, ano após ano, diretoria após diretoria, com o trato do “produto” que vem da base.