Opinião

Quanto vale uma promessa do Coritiba?

Por
Julio Filho
27/09/2022 12:26 - Atualizado: 04/10/2023 19:59
Luizão fez só um gol como profissional, em dez partidas: contra o Paraná Clube
Luizão fez só um gol como profissional, em dez partidas: contra o Paraná Clube | Foto: Atila Alberti/UmDois Esportes

Durou pouco — e rendeu menos ainda — a considerável expectativa gerada em torno do atacante Luizão após a campanha do título da Copa do Brasil sub 20 pelo Coritiba, em 2021.

Ou melhor: o Coxa aceitou 800 mil dólares, cerca de R$ 4,3 milhões, para vender 60% dos direitos econômicos e acertar a ida do jovem de 19 anos para o Al-Wasl, dos Emirados Árabes.

O valor já é baixo para os padrões do futebol brasileiro. Para o clube mais rico de Dubai, é troco de bala. Mas há quem tenha comemorado.

Voltando ao Alto da Glória: a apressada trajetória de Luizão repete a de outros pratas da casa que poderiam ter rendido mais, tanto esportiva, como financeiramente.

O caso mais simbólico é o de Matheus Cunha, vendido ao Sion em 2017 por cerca de R$ 700 mil, em uma trapalhada da gestão Bacellar. Hoje, é atleta do rico Atlético de Madrid e presença em listas do técnico Tite. Vale centenas de milhões de reais.

Juarez Moraes e Silva e Glenn Stenger, presidente, e vice, respectivamente, posam com Luizão. Foto: Divulgação/Coritiba
Juarez Moraes e Silva e Glenn Stenger, presidente, e vice, respectivamente, posam com Luizão. Foto: Divulgação/Coritiba

Talvez Luizão não tenha o mesmo sucesso do excepcional Cunha (ninguém na Graciosa viu que ele era excepcional?). É provável. Mas as saídas são similares.

Parece não haver paciência no Couto Pereira com os jovens da base. Não há curva de desenvolvimento. É sintomático.

E isso se estende à parte da torcida também – basta recordar as insaciáveis críticas a Dodô, que hoje também vale centenas de milhões no futebol europeu. Ele tinha 17 anos quando estreou no Coxa.

A exceção foi Igor Paixão: também era criticado, foi emprestado, voltou, se firmou e virou a venda mais cara da história do clube. Um roteiro muito mais saudável – e lucrativo.

Luizão fez somente dez jogos pelo
time profissional. Anotou um gol. Tinha contrato até 2024. No caminho, um
empréstimo fracassado para a Tombense.

De volta ao clube, não teve chances, diante da concorrência dos veteranos Léo Gamalho e Adrián Martínez. Ou de Matheus Cadorini, jovem emprestado do Inter.

A questão não é específica de Luizão. Como dito, ele pode até não "vingar". É a amarga sensação de filme repetido. Um jovem da base não precisa ser um craque. Mas, bem tratado, pode virar uma venda mais valorizada.

É uma questão de mentalidade que parece se repetir no Coritiba, ano após ano, diretoria após diretoria, com o trato do "produto" que vem da base.

Veja também:
Maringá reclama de pênalti não marcado e empata com o Atlético-MG na Copa do Brasil
Maringá reclama de pênalti não marcado e empata com o Atlético-MG na Copa do Brasil
Jorge Jesus faz substituição polêmica e irrita brasileiro ex-Coritiba no Al-Hilal
Jorge Jesus faz substituição polêmica e irrita brasileiro ex-Coritiba no Al-Hilal
Jornal crava decisão de Ancelotti sobre seleção brasileira
Jornal crava decisão de Ancelotti sobre seleção brasileira
Thiaguinho explica idolatria por Paulo Miranda
Thiaguinho explica idolatria por Paulo Miranda

Formado pela UFPR, ingressou na Gazeta do Povo em 2014, como repórter na editoria de Esportes, participando de coberturas de Campeonato Paranaense, Copa do Brasil, Brasileirão, Sul-Americana, Libertadores, Olimpíadas e Copa do Mun...

twitter
+ Notícias sobre Opinião e Análise
Coritiba: Por que Mozart trocou a Série A pelo problemático Coxa?
Análise

Coritiba: Por que Mozart trocou a Série A pelo problemático Coxa?

Dispensa de Alef Manga é primeiro acerto do Coritiba para 2025
Opinião

Dispensa de Alef Manga é primeiro acerto do Coritiba para 2025

Athletico, Flamengo e quando o superávit não entra em campo
Análise

Athletico, Flamengo e quando o superávit não entra em campo

Quanto vale uma promessa do Coritiba?