Corinthians, Galo, Fluminense, fiascos internacionais e o milagre do Paraná na Vila
Os fracassos seguidos de times brasileiros em competições internacionais volta a ligar um velho sinal de alerta que, aparentemente, não chama a atenção em muitos clubes, embora esteja frequentemente sendo acionado. Times de menor investimento dos países vizinhos aprontam, regularmente, para cima dos representantes verde-amarelos nos certames da Conmebol. E 2020 começou nesse ritmo de forma assustadora. E os elencos dos algozes deste ano são muito, mas muito mais baratos do que os grupos de atletas dos clubes do Brasil.
Na Libertadores, o Corinthians não passou da primeira fase, superado pelo Guaraní, que venceu por 1 a 0 em Assunção e perdeu por 2 a 1 em Itaquera. Já pela Sul-Americana, ao empatar sem gols no Chile, o Fluminense também foi despachado pelo gol fora de casa que o Unión La Calera assinalou no Maracanã (1 a 1). O Atlético foi eliminado pelo Unión de Santa Fé ao perder na Argentina por 3 a 0 e vencer em Belo Horizonte por 2 a 0. Já o Goiás deu adeus ao certame ao ser derrotado nos dois duelos com o Sol de América, no Paraguai e em Goiânia, ambos por 1 a 0.
Segundo o Transfermarkt, o elenco do Guaraní vale € 7,4 milhões. O do Corinthians € 90,05 milhões. O Fluminense conta com um grupo de jogadores avaliado no mercado em aproximadamente € 43,45 milhões, enquanto o La Calera soma € 9,78 milhões no valor de mercado de todos os seus atletas. O Atlético registra € 53,05 milhões em sua página, mas o Unión de Santa Fé o eliminou com um time de € 14,88 milhões. Já o Goiás, segundo o site especializado, investiu € 22,45 milhões em seu grupo de jogadores, contra apenas € 2,05 milhões do Sol de América.
Há uma clara deficiência no desenvolvimento técnico e tático de muitos times brasileiros. Embora seus orçamentos sejam bem superiores aos da maioria dos adversários, com incrível assiduidade eles conseguem desclassificar times da primeira divisão do futebol em terra brasilis. Não são raras as ocasiões nas quais pesa a responsabilidade de comandar as ações, ser o time que assume a bola e o jogo para superar oponentes com recursos financeiros e técnicos inferiores. Os ensinamentos se sucedem, mas a arrogância de quem se acha sempre melhor dificulta o aprendizado.
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Aos 46, aos 47 e aos 53 minutos. Três gols! Todos nos acréscimos do segundo tempo. A virada do Paraná sobre o Bahia de Feira na Copa do Brasil já é história. E que história! O desabafo dos jogadores, com salários em atraso, em meio à festa de euforia e alívio, tornou ainda mais emocionante a noite de quinta-feira na Vila Capanema. Um milagre do futebol.
Parte dos mais de 6,2 mil paranistas que foram ao estádio o deixaram depois do segundo gol do time baiano. Quem ainda acreditava no time? Jogadores que protagonizam uma virada desse calibre, que proporcionam aos torcedores uma experiência tão fantástica, merecem pelo menos o mínimo: que sejam remunerados corretamente. Caráter e profissionalismo não faltaram a esses rapazes.