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Mauro Cezar Pereira
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Análise

Brasil volta a jogar após 199 dias. Pouquíssimos sentiram saudades do time da CBF

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Mauro Cezar Pereira
03/06/2021 00:00 - Atualizado: 29/09/2023 16:46
Richarlison, da seleção brasileira
Richarlison, da seleção brasileira | Foto: Lucas Figueiredo/CBF

A seleção brasileira voltará a entrar em campo nesta sexta-feira após 199 dias. Com os adiamentos de compromissos provocados pela pandemia do novo coronavírus, o time cebeefiano não mais voltou à cancha depois dos 2 a 0 (gols de Arthur e Richarlison) sobre o Uruguai, em Montevidéu, no dia 17 de novembro do ano passado.

É bem evidente que o desaparecimento momentâneo da equipe treinada por Tite não desperta sentimentos no torcedor em geral. As pessoas simplesmente esquecem que existe seleção. Fiz uma pequena enquete em minha conta no Twitter, perguntando se as pessoas sentiram falta das pelejas da equipe canarinho (veja abaixo).

Mais de 92% dos mais de 18.206 votantes responderam "não". Obviamente não se trata de uma pesquisa com metodologia, é só uma interação em rede social, mas considerando que meus seguidores são, quase na totalidade, pessoas que gostam de futebol e o acompanham, chama a atenção a disparidade entre os que sentiram falta, ou não, do selecionado da CBF.

As mais de 28 semanas sem jogos da equipe de Tite funcionaram, na prática, como alívio para muitos torcedores, afinal, se ele não convoca, não desfalca os elencos que disputam as competições que realmente interessam às pessoas, as dos clubes. A seleção é, hoje, um fardo para todo e qualquer ser humano que torça por uma equipe com bons jogadores.

Essa relação entre as entidades nacionais, como a Confederação Brasileira de Futebol, e as agremiações é algo absolutamente superado e bizarro. Incrível que tolerem até hoje tantas Datas Fifa, tantos jogos de seleções, tantas interrupções no calendário, caso dos europeus; e intermináveis jogos desfalcados, caso dos brasileiros, já que aqui a bola rola nos certames locais mesmo quando as seleções estão reunidas.

Na pandemia tal aberração se acentua. A CBF, como a Asociación del Fútbol Argentino (AFA) e a Asociación Uruguaya de Fútbol (AUF), não têm elencos fixos, ou seja, elas não precisam pagar salários altíssimos de jogadores caros mensalmente. Tampouco multas rescisórias elevadas para tê-los, muito menos investem em base, são os clubes que revelam talentos que elas apenas convocam.

Seria óbvia uma medida como a diminuição do número de compromissos das seleções durante a pandemia. Mas isso sequer foi cogitado, mesmo nesse cenário muito claro, no qual os times de clubes precisam atuar para faturar e pagar as contas, sobreviver, mas os selecionados não têm a mesma necessidade. As entidades nacionais podem se virar sem tantas partidas porque suas despesas regulares são muito menores.

O mais escancarado exemplo é o das Eliminatórias Sul-Americanas, que insistiram em fazer com pontos corridos. Se na pandemia dividissem em dois grupos de cinco, teríamos dois pares de vagas diretas para a Copa do Mundo de 2022 para os dois primeiros de casa chave e duas para a repescagem entre os terceiros colocados. Então haveria um confronto entre eles e o vencedor duelaria em mais dois jogos com um representante de outro continente pela vaga derradeira no Mundial.

Isso significa que das 10 seleções sul-americanas, oito fariam oito aparições, uma disputaria 10 e outra 12. Hoje, como são 10 equipes se enfrentando, estão assegurados a cada uma delas 18 jogos. Um absurdo, um exagero, um risco maior com o vírus por aí, atletas e demais profissionais atravessando o oceano para viajar pela América do Sul. Não há nenhuma necessidade disso.

Mas existe a ganância de quem deseja, faz questão, não abre mão de muitos jogos, afinal, são mais direitos de transmissão, mais mídia para exibir os patrocinadores, mais dinheiro a ser faturado. Os clubes ficam em segundo plano, e aceitam. A realização da Copa América no Brasil à última hora não é o único absurdo em andamento.

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