Na Baixada, pelo Brasileirão: Athletico 4 x 1 Atletico-GO.

Um jogo de futebol tem noventa minutos e mais uns extras. Não é uma heresia, mas para o Athletico de Felipão, às vezes, esse tempo é uma extravagância. Pelo menos o foi nesse jogo contra o Atlético-GO. Em treze minutos, foi avassalador.

Compacto no meio, fechou a porta da surpresa do contra-ataque goiano. Profundo, vertical e veloz no ataque, abriu e, profundo, vertical e veloz no ataque, quebrou a chave da retranca do Goianiense. Mas nenhuma dessas virtudes teria influência se não fosse a mais importante: David Terans. Seu talento com a bola e a sua inteligência para encontrar espaços desconhecidos foram o fio condutor para iluminar a noite mágica do nosso rubro-negro.

Dois jogos na Baixada foram jogados: do Athletico e de Terans

Um, o mais importante, foi o do Athletico. Goleou por 4 a 1. Um jogo irrepreensível, sem nada de graça e nada casual. Nem bem o jogo tinha começado e lá estava o Furacão: aos nove minutos, uma bola cruzada por Khellven foi alcançar Cuello na esquerda. O argentino, sem ângulo, finalizou o goleiro Ronaldo. Gol de Cuello. Coisas extraordinárias começam acontecer na Baixada.

Logo depois, aos 13 minutos, David Terans, em jogada individual pela esquerda, viu que Canobbio entrava pelo meio. Daí, deu a bola para uruguaio que arrematou para as redes. Gol de Canobbio. Coisas extraordinárias continuavam a acontecer na Baixada.

O Athletico foi para o intervalo com o jogo resolvido.

E aí veio o outro jogo, o jogo de David Terans. Aos três minutos da etapa final, uma bola alta e longa, seria perdida por um mortal. Mas Terans, como se fosse um imortal, matou-a no pé esquerdo, embalou-a na coxa esquerda, e antes dela cair, chutou-a no ângulo esquerdo. Até o voo do goleiro Ronaldo concorreu para a beleza do gol. “Um gol de Maracanã”, diria Carlos Drummond de Andrade, em seu “Quando é dia de futebol”.

Coisas só de imortais aconteciam na Baixada.

Depois desse gol de Terans, tudo se tornou comum, tudo se tornou previsível e até irrelevante como gol de Kelvin para o Goianiense.

Depois do gol de Terans, só mesmo a volta de Fernandinho para provocar um fato extraordinário. E aconteceu: aos 49 minutos, o craque “inglês” viu e lançou Cittadini na área. De cabeça, o meia fez 4×1. A torcida não torcia mais. Delirava.

E o jogo terminou.

Então, todos foram embora:  a torcida, o time, o técnico, o presidente e até o pobre cronista anestesiados de tantas emoções. E a Baixada continuou iluminada pelas lembranças da noite inesquecível do Furacão.