Opinião

Não se pode associar lance de Pelé com o gol de Matheus Frizzo

Por
Augusto Mafuz
12/06/2024 12:36 - Atualizado: 12/06/2024 12:36
Matheus Frizzo.
Matheus Frizzo. | Foto: Átila Alberti/UmDois Esportes

Nesses tempos em que um fato se torna velho em poucos minutos, é melhor não os enfrentar em razão da repetição de versões já postadas. Mas há alguns que são inevitáveis. É que essas versões contadas tratam do óbvio, ignorando o essencial.

Longe, eu vi o gol que Matheus Frizzo, meia do Coritiba, marcou na vitória sobre o Ituano. Como todos lembram, foi assim: o Coxa estava sob pressão em seu campo, quando a bola chegou a Frizzo. Do seu campo, viu o goleiro avançado e chutou. O chute foi perfeito, por ter a dose certa de força e a direção correta para cair dentro do gol.

+ Confira tabela completa do Coritiba na Série B

De imediato, a manchete: “Frizzo faz o gol que Pelé não fez”. Afinal, que gol é esse que Pelé não fez? Era 3 de junho de 1970, o Brasil estreava na Copa do México, em Guadalajara, contra a Tchecoslováquia, quando aconteceu: no campo brasileiro, próximo da linha divisória, Pelé pediu a bola e já tendo guardada na memória a postura adiantada do goleiro Victor, chutou. O mundo ficou paralisado para ver aquela bola inusitada, alta e carregada de cinismo, correr pelo céu de Guadalajara, em forma de parábola, cair e passar de fino do lado esquerdo da meta tcheca.

Não sou saudosista, não obstante ser um carregador de saudades.

Peço perdão, mas há um pouco de fraqueza de espírito nessa referência para os belos gols que foram feitos da forma do lance de Pelé, como de Frizzo.

No entanto, não se pode associar o lance do “Rei” com os inúmeros gols que foram feitos a partir de 1970. E não foram poucos. Dos famosos, Kleberson (Athletico), Rivaldo (Barcelona), Fred (América-MG), Scarpa (Palmeiras) e Harry Kane (Bayern).

Pelé realizou uma obra eterna

Para a realização da sua obra eterna, Pelé ofereceu em três segundos, todas as virtudes da sua natureza: a inteligência para salvar na memória, a imagem da postura adiantada do jogo de Victor e a genialidade de chutar daquela distância, com o risco de transitar pelo improvável.

Embora seja um simples detalhe, deve ser considerado que aquela bola chutada por Pelépesava 1 kg e a bola que Frizzo chutou pesa 435 gramas. Dito em resumo: se não existisse “o gol que Pelé não fez”, não haveria gols como o de Frizzo. 

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Augusto Mafuz é um dos comentaristas esportivos mais tradicionais de Curitiba, conhecido por sua cobertura do Athletico e outros times da capital. Nascido em Guarapuava em 11 de maio de 1949, Mafuz tem sido uma figura central no j...

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