Troque Amélia por Isabel do Vôlei que não haverá mágoa: nem de Amélia, nem de Ataulfo Alves, seu criador. É que Isabel era uma mulher de verdade.

Não havia duas Isabel. Separar a mulher da jogadora é uma operação sem sentido. A mulher de coragem para buscar e alcançar os ideais que não eram só dela, mas de todas as mulheres, confundia-se com a jogadora de rara inteligência, que fazia o seu talento, apesar do tamanho, ser um mero detalhe. Em um jogo no Tarumã eu vi Isabel subindo para cortar e golpear, e me parece que ainda não desceu.

Bandeirante de saia, desbravou todos os sistemas que tornavam submissas as mulheres no vôlei. Exerceu uma influência tão poderosa em razão da sua técnica na quadra e da força de suas ideias fora dela, que operou no vôlei feminino o que Pelé operou no futebol: dividiu a história. Quando se contar a história do vôlei feminino no Brasil, há que se separar os capítulos do antes e do depois de Isabel. Não por coincidência que o significado na origem bíblica do nome Isabel é o de cumprir as promessas.

E foi embora a Isabel do vôlei. Seu sobrenome Salgado era uma contradição com os momentos doce que oferecia aos brasileiros jogando dentro ou executando as suas ideias puras de enfrentamento do sistema. Em mundo perfeito, Isabel do vôlei teria que ficar bem mais por aqui para ensinar outras lições.