Athletico e quando “la camiseta rojinegra solo se usa por amor”

Como um comboio de bravos, o Furacão jogou 120 minutos, em Chapecó, e ganhou por 3 a 2. Com a consciência de que seria uma divisão de águas nesse campeonato, os comandados de Hellmann, com base em argentinos e colombianos, só faltaram cantar a frase mais simbólica do hino do Athletico em espanhol: “La camiseta rojinegra solo se usa por amor” (a camisa rubro-negra só se veste por amor).

Com uma surpreendente dose de paixão, jogou o que não havia jogado em nove meses. Pressionando na frente ou marcando no meio para ganhar e ter a posse de bola, o Furacão construiu uma trilha emotiva para a sua torcida. Não se confortando com a virada da Chape (2 a 1), provou que estava em busca de ato de fé: imediatamente empatou com Léo Derik e marcou o terceiro com Viveros.

Entre as lições que aprendi com Paulo César Carpegiani, enquanto treinador, há uma que nunca irá envelhecer: em um jogo de iguais, como ocorre na Segundona, sempre haverá um time com um jogador que, por ter qualidade, é capaz de provocar um fato diferente. Esse time irá ganhar o jogo, ensinava ele.

Em Chapecó, o Athletico teve dois: o meia argentino Bruno Zapelli e o atacante colombiano Kevin Viveros. Hellmann ainda não arrumou o sistema defensivo, que sofre gols todos os jogos. Mas, compensa com a ordenação de Zapelli que, enfim, mudou de vida. Agora, a qualidade técnica agregou a consciência da marcação, da luta pela bola e da ocupação de espaço. Mas, foi a sua técnica que decidiu: o passe para Léo Derik empatar foi dessas coisas que os espanhóis chamam de preciosas.

Kevin Viveros é o atacante moderno. No futebol atual, 70% das jogadas são decididas no corpo, na alma e na força. E essas três virtudes sobram no colombiano.

E agora, o que era improvável, passou a ser certo: mantendo a tendência de vitórias – são quatro seguidas -, irá alcançar o G-4. Se alcançar, de lá não irá mais sair e se não sair irá alcançar os coxas. É que diferente de todos, haverá Zapelli e Viveros.

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AUGUSTO MAFUZ

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