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Arena da Baixada, o acordo e os seus personagens

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Augusto Mafuz
07/07/2023 20:35 - Atualizado: 05/10/2023 09:58
Athletico fechou acordo sobre a dívida do estádio
Athletico fechou acordo sobre a dívida do estádio | Foto: Albari Rosa/Arquivo/UmDois Esportes

A notícia sobre a formalização do acordo entre Athletico, Estado do Paraná e Município de Curitiba não teve uma repercussão pública relevante por uma razão: Athletico, Estado do Paraná e Município de Curitiba não cumpriram mais do que o contrato e a lei exigiam, que era a divisão igualitária do valor do custo para a construção da Baixada para a Copa do Mundo de 2014.

Mas não foi fácil. E só foi possível com a intervenção de várias pessoas. Cito-as:

Luiz Fernando Casagrande Pereira: sabe-se da sua cultura, do seu talento e da sua habilidade na prática da advocacia. Mas a sua grande virtude foi a prudência, não no sentido de precaução, que às vezes confunde-se com o medo, mas no sentido pregado por Santo Tomás de Aquino, que é o de não especular com a razão.

Em um dado momento, deixou a atuação profissional, adotando como pessoal a causa do Athletico. Eu sei bem o que é advogar um caso de repercussão pública no futebol. Tratando com a paixão do torcedor, o advogado passa a ser o responsável por tudo. Às vezes, torna-se inimigo do próprio cliente.

No campo jurídico, mudou o jogo para o Athletico ao conseguir uma medida cautelar no STJ paralisando as execuções da Fomento Paraná. A partir daí, o acordo foi inevitável. Cada centavo de real que receber a titulo de honorários, o doutor Pereirinha terá merecido.

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Renato Adur: sem ele, talvez, o acordo junto ao Estado do Paraná não teria avançado. Em respeito ao seu amor pelo Athletico, cicatrizou as mágoas que foram deixadas pelos conflitos de tempo passado com Mario Celso Petraglia.

Então, participando de propostas, corrigindo alguns rumos tomados no início das conversas, acabou terminando uma obra (Arena da Baixada) que tem as suas digitais, assim como as de Petraglia e Enio Fornea Júnior: a Baixada de 1999, a origem.

Por amor ao Athletico e, ao mesmo tempo, em razão de uma relação antiga e de confiança com a família do governador Ratinho, teve que agir como um magistrado: nos momentos mais difíceis das conversas foi ele quem evitou o rompimento.

Conversou, discordou, aconselhou e acabou fazendo o que poucos fizeram nos cem anos de Athletico.

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Enio Fornea Júnior: a última vez que foi à Baixada foi em 2011, para defender a sua integridade como atleticano, ao ser denunciado por Mario Celso Petraglia ao Conselho de Ética pelo caso Morro García.

Não participando das negociações do acordo, a sua influência ainda foi sentida: a costura do acordo tripartite para a construção da Baixada para a Copa, com a inclusão de quotas de potencial construtivo, foi dele e de Fernando Jabur. O Athletico deve uma desculpa a Enio Fornea Júnior.

Mario Celso Petraglia: a única vez que Petraglia confiou no poder público foi quando, em uma reunião no Palácio Iguaçu para tratar da parte do Estado na divisão do custo da Baixada, ouviu de Cássio Taniguchi, chefe da Casa Civil de Beto Richa, o seguinte: “Faça do seu jeito, que daí o Estado paga”.

Petraglia, então, acreditando no amigo, fez o Athletico gastar em desproporção ao que o Estado pagava. Até que, para concluir a Baixada, acreditando que o Estado faria a sua parte, tomou emprestado o dinheiro da Fomento Paraná, hipotecando todo o patrimônio do Furacão. O resto da história todos sabem.

Para construir a Baixada, conciliou todos os seus interesses de profissional de futebol e de apaixonado pelo Athletico.

Nas negociações, a sua influência, que muitas vezes por ser intransigente, às vezes atrapalhava, foi decisiva ao sensibilizar os conselheiros do Tribunal de Contas de que o Athletico tinha razão legal e contratual para reclamar a divisão tripartite e pelo valor que a FGV havia avaliado.

Aconteça o que acontecer no campo de jogo, a obra de Petraglia está finalizada. Mais perfeita que o David, de Michelangelo, fala pelos gritos de arquibancada: “Furacão, ê, ô... Athletico, ô, ô...”.

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