Susto para ajeitar a casa
Perder não é a maior preocupação. O revés por um ponto de diferença diante da Rússia (75 a 74) tem de ser considerado normal, já que são duas seleções candidatas a pódio no basquete masculino em Londres. Além disso, a patinada brasileira teve seu lado positivo, já que empurra a equipe de Rubén Magnano para a terceira posição do grupo, provavelmente escapando da rival Argentina (clássico é clássico, inclusive no basquete) e de uma semifinal contra os futuros campeões do torneio, os norte-americanos.
Antes mesmo do início da peleja olímpica, a revista Sports Illustrated colocava brasileiros e russos como principais rivais para a trajetória do Dream Team – que não é tão “dos sonhos” quanto o de 1992, mas que é mais imponente do que o de 2008, por exemplo. São dois times fortes fisicamente, com boa proteção do garrafão. Vão exigir mais suor dos donos da NBA.
Por isso tudo, perder para os russos com uma cesta de última hora não é suficiente para tirar o sono do nosso técnico argentino. O que incomoda é como se chegou a esse placar. Novamente, sofremos um blecaute técnico, ficando 13 pontos atrás na pontuação do terceiro quarto (25 a 12), única parcial que não ganhamos. Isso é fatal em um duelo parelho.
Parte desse drama se deve a outro ponto evidente: a dificuldade brasileira no ataque. Se nossos pivôs têm sido eficientes na defesa, criando um campo minado para o avanço dos oponentes, na frente eles têm sido pouco efetivos. Sem conseguir aproveitar o jogo de garrafão, o certo seria optar pela infiltração em velocidade, com Leandrinho, Huertas e Larry Brown, por exemplo. Nesta quinta-feira, só conseguimos lançar mão dessa estratégia no segundo tempo. É pouco.
Com as mãos atadas no ataque, sem variação de jogadas, o Brasil fica dependendo demais dos arremessos de três pontos. Quando a fonte seca, como no caso do segundo fatídico quarto diante da Rússia, não há jeito de botar a bola na cesta. É vital para as pretensões da seleção que esse tiroteio da linha dos três pontos seja guardado apenas para um final de confronto dramático. Tem de ser uma opção, não uma necessidade.
Acertando os detalhes, o caminho está aberto para sonhar.