De uma vez por todas: qual o gol mais bonito de Athletico e Paraná? Mirandinha ou Dênis Marques?
Já afirmei e reforço: o que seria do futebol sem as polêmicas absolutamente vazias? Sem os embates que não levam a lugar algum? Sem as listas que confundem jogadores e esquadrões de épocas totalmente distintas?
Nada.
Assim, para tentar aquecer (missão impossível?) o duelo entre Athletico e Paraná, neste domingo (2), na Baixada, pelo Paranaense, lanço questão completamente elementar sobre o choque da Engenheiro Rebouças?
Qual o gol mais bonito da história do confronto, desde o primeiro pega, no já longínquo ano de 1990? O tento de Dênis Marques, para o Furacão, em 2006? Ou o de Mirandinha, pelo Tricolor, em 1995?
Eu vi os dois, ao vivo. E adianto. O do Mirandinha foi como presenciar o 11 de Setembro, um evento que ninguém entendeu exatamente assim que ocorreu. Já o de Dênis Marques, algo como um Woodstock da bola: quem foi curtiu os melhores sons e delírios de uma geração.
Mas, vamos pela ordem.
Mirandinha, não aquele, mas o outro, que certa vez revelou que, com a bola nos pés, ou corria, ou pensava, anotou golaço-aço lá nos primórdios do clássico. Triunfo paranista por 2 a 0, pelo Paranaense, em 5 de fevereiro, no Couto Pereira.
Vamos rememorar o lance singular. Saulo enfia bola que rasga completamente a defesa rubro-negra, o que seria hoje chamado pelos jovens de "passe decisivo". E Mirandinha surge já lá no meio da área, onde, há milésimos de segundos atrás, era um deserto verde.
A matada não sai perfeita e a esfera foge do controle. Mais uma vez, utilizando-se de velocidade estonteante, o camisa 7 refaz a aproximação da bola e arremata com um toque inesperado, genial, o único recurso, embora surpreendente: calcanhar nela, rede balançando, explosão na arquibancada.
Naquele instante, Isaílton Ferreira da Silva compôs o seu riff de guitarra de Sultans of Swing. Foi um movimento tão inesperado que, além de petrificar o goleiro Gilmar, descalibrou a torcida atleticana que, mesmo diante de um afrontoso gol do rival, aplaudiu efusivamente.
A grande ópera de Dênis Marques foi escrita mais de 10 anos depois, em 2006, pelo Brasileirão, triunfo por 4 a 0 na Baixada. Enquanto Mirandinha brilhou por um átimo, a reencarnação de Oséas, ao menos nas trancinhas, anotou tento no ritmo do Canal 100. Se você apurar os ouvidos, vai ouvir o tema do clássico programa.
O avante atleticano acolhe a esfera próximo da entrada da área, pelo flanco direito. E o que se vê a partir daí é quase uma coreografia. Dênis Marques parecia saber quais seriam todos os movimentos dos adversários. E desfilou, costurando, até a conclusão, precedida de um imperecível drible da vaca.
A comparação entre os dois golaços, sem qualquer contestação, é inglória. Afinal, o debate transcorre mais pelo campo estilístico, invade a subjetividade. Considerando, ainda, ser possível escolher despido de qualquer paixão clubística, o que parece ser pouco provável.
O que você prefere? O ato minimalista do paranista? Ou a façanha rococó do atleticano? É difícil decidir. É quase como comparar gêneros diferentes, ou indicar o que é pior, Engenheiros do Havaí ou Iron Maiden? Tudo depende, muito, do gosto pessoal.
Deixo a missão pra você, leitor. E aí? Qual o gol mais bonito de Athletico e Paraná? Do Mirandinha? Ou do Dênis Marques? Opine nos comentários!
