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André Barcinski
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Opinião

Shackleton e os dois anos de luta pela sobrevivência na área mais inóspita do planeta

Por
André Barcinski
01/12/2021 13:02 - Atualizado: 04/10/2023 17:10
Shackleton e os dois anos de luta pela sobrevivência na área mais inóspita do planeta
| Foto: Royal Geographical Society; photograph, Underwood and Underwood, New York/Britannica.com

Há quase cem anos, morria um dos maiores exploradores que o
mundo já conheceu: Ernest Shackleton.

Esses dias, vi um documentário que não conhecia: “A Lendária Expedição Antártica de Shackleton”. O filme esta na íntegra no Youtube e com legendas em português.

Há alguns anos, escrevi sobre as façanhas de Shackleton:

Shackleton (1874-1922)
liderou três expedições britânicas à Antártica, mas foi a última, iniciada em
dezembro de 1914 e encerrada em agosto de 1916, que o tornou uma lenda da
exploração polar. Foi o maior fracasso da vida de Shackleton – e também seu
maior triunfo.

A meta da Expedição
Imperial Transantártica era ambiciosa: cruzar o continente antártico, por
terra, de oeste para leste.

Em 5 de dezembro de
1914, Shackleton e 27 tripulantes deixaram a Geórgia do Sul a bordo do veleiro
Endurance, de 144 pés (44 metros), construído na Noruega especialmente para a
missão.

Em 18 de janeiro de
1915, um dia antes de chegar ao ponto da Baía de Vahsel onde a equipe deveria
desembarcar, o Endurance ficou preso no gelo. Imobilizado num banco de gelo, o
barco ficou vagando pelo mar de Weddel por mais de nove meses, até que, em 27
de outubro de 1915, foi esmagado pelas placas de gelo.

Shackleton e sua
tripulação abandonaram o navio. Pouco menos de um mês depois, em 21 de
novembro, testemunharam, horrorizados, o Endurance afundando para sempre no
gelo. Pelos cinco meses seguintes, a tripulação morou em barracas no banco de
gelo, comendo carne de foca e pinguim, e esperando que o gelo se abrisse para
que eles pudessem navegar em três botes salva-vidas rumo a qualquer lugar
habitado.

Em 9 de abril de 1916, finalmente, o gelo se abriu. Enfrentando ondas de cinco metros e ventos de 100 quilômetros por hora no Mar de Weddel, os três botes – batizados com os nomes de financiadores da expedição, James Caird, Dudley Docker e Stancomb Wills – conseguiram chegar à inóspita Ilha Elephant. Foi a primeira vez em 497 dias que pisavam em terra firme.

Mas a parte mais
arriscada da missão ainda estava por vir: Shackleton deixou 22 homens na Ilha
Elephant e rumou com outros cinco no pequeno barco James Caird até a Geórgia do
Sul, enfrentando frio de 20 graus negativos, ondas de dez metros e ventos de
200 por hora em um dos mares mais traiçoeiros do mundo, próximo à Passagem de
Drake.

Em maio de 1916, o
James Caird chegou finalmente à Geórgia do Sul. Depois de alguns dias de
descanso, Shackleton começou a organizar o resgate de sua tripulação. Ele pediu
ao governo inglês um navio propício para enfrentar o Mar de Weddel, mas nenhum
estaria disponível até outubro (é bom lembrar que isso tudo aconteceu em meio à
Primeira Guerra Mundial), então a solução foi pedir emprestado ao governo
chileno o Yelcho, um barco a vapor de 120 pés (37 metros) que fazia a
manutenção de faróis.

Às 11h40 do dia 30 de
agosto de 1916, o Yelcho chegou à Ilha Elephant e resgatou os 22 homens da
tripulação do Endurance que haviam ficado para trás. Shackleton conseguiu
trazer todos de volta com vida.

Em 1959, o escritor e jornalista norte-americano Alfred Lansing lançou “A Incrível Viagem de Shackleton”. Por meio de leituras de diários e entrevistas com sobreviventes, ele relatou os detalhes da Expedição Imperial Transantártica e dos quase dois anos de luta pela sobrevivência na área mais inóspita do planeta. É um dos melhores livros de aventura que já li.

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