Partiu, Montevidéu! Torcedores encaram distância e alto custo para ver o Athletico na final
Do Sul, do sudeste, norte ou nordeste. De carro, ônibus ou avião. As origens são variadas, mas o sentimento e o destino são um só: Montevidéu. A paixão pelo Athletico une milhares de rubro-negros, que estão preparando a viagem à capital do Uruguai para ver o Furacão na final da Copa Sul-Americana. A decisão do título contra o Red Bull Bragantino está marcada para sábado (20), às 17h, no estádio Centenário.
Direto de Manaus, o Athletico terá o apoio do torcedor Wandrey Cardoso. Sozinho, o advogado vai deixar o norte do Brasil, com escala em Guarulhos, até o país vizinho. Ele comprou as passagens e reservou hotel logo após o jogo contra o Peñarol.
"Antes da partida cheguei a pesquisar, já tinha a ideia de ir, mas bateu o receio do risco e não comprei. Mas depois de classificado, não teve jeito”, disse o rubro-negro, que completa 29 anos no dia 21, um dia após a final, e espera ganhar o título de presente.
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Essa não é a primeira viagem de Wandrey para ver o Furacão. Em 2017, ele foi até o Rio de Janeiro assistir ao jogo contra o Flamengo, pela Libertadores, e também esteve em Curitiba na final da Sul-Americana, no ano seguinte. A presença na decisão da Copa do Brasil, contra o Atlético-MG, em dezembro, já está confirmada.
“A expectativa pro jogo é grande, acredito na consolidação do Athletico no cenário internacional, apesar das atuações um pouco abaixo no Brasileiro. Nas Copas o time se transforma. Não será um jogo fácil, mas estou confiante que sairemos vencedores”, disse o representante atleticano de Manaus.
"Sonho antigo"
Acompanhado pelo irmão, Bruno Leal Martins vai se deslocar da Paraíba para ver o Furacão em Montevidéu. A primeira parte da viagem será de carro. Ele, que mora na cidade de Patos, vai dirigir por seis horas até Recife, de onde pegará um voo para a capital uruguaia, com escala em São Paulo. Será a primeira viagem internacional dele.
“Era um sonho antigo, pois sempre comentei com o meu pai, que se o Athletico chegasse a uma final, eu iria. Não tive condições de ir nas finais de 2018 (Sul-Americana) e 2019 (Copa do Brasil), mas dessa vez não escapa”, contou.
Natural de Recife, Bruno torcia pelo Santa Cruz na infância, por influência do pai, mas desde pequeno ouvia falar do Furacão. Em 2005, ele veio morar em Curitiba e foi paixão à primeira vista.
“Depois que me mudei de Curitiba ficou difícil ver os jogos do Athletico. Ainda assim, quando o time vinha jogar contra Náutico ou Sport em Recife, eu ia assistir. Virei sócio por uns anos e, mesmo voltando para o nordeste, continuei fanático e levando o Athletico por onde eu passava”.
O estudante de medicina estima ter gastado em torno de R$ 12 mil, junto com o irmão, na viagem.
“Espero que o esforço seja coroado com o título do bicampeonato. Nunca vi um título do Athletico pessoalmente e espero que possa ver. Mas, independentemente de tudo, estou indo para apoiar o Furacão”, torce Bruno.
Primeira viagem internacional
Quem também vai se aventurar pela primeira vez em uma viagem fora do Brasil é Lucas Macedo, paulista que mora atualmente em Belo Horizonte. Com escalas em São Paulo e Porto Alegre, ele vai sozinho para a final no Centenário e vive a expectativa para chegar logo a data da viagem, na sexta-feira (19).
“Desde que comprei o ingresso estou completamente ansioso. Para quem ficou recluso durante 2020 e quase 2021, e mesmo assim não tem tanta oportunidade de ver jogos do time do coração, a expectativa é de mais uma vez trazer a lembrança na memória dessa conquista continental, e com certeza narrar pro meu filho e para as futuras gerações como foi estar lá na grande conquista”, disse.
Lucas é torcedor novo do Furacão. O auditor conheceu o Athletico em 2017, quando morava em Manaus. Sempre que pode, vem até Curitiba ver jogos na Baixada, e costuma marcar presença quando a equipe joga em Belo Horizonte.
“Nunca tive uma influência inclinada para o futebol dentro de casa, meus pais nunca gostaram e eu nunca havia me dado a oportunidade de acompanhar com tanto afinco. Até que numa jornada de autoconhecimento e como válvula de escape para a depressão acabei entrando de cabeça no futebol. Hoje não consigo largar mais”.
Dos Estados Unidos ao Uruguai
De Orlando para Montevidéu. Este será o trajeto da família Ogliari nos próximos dias. Os irmãos Ricardo e Rodrigo, junto com o pai Carlos, vão sair da Flórida, nos Estados Unidos, para matar a saudade do Furacão no Uruguai.
Os três deixarão Orlando na quinta-feira (18), com escala no Panamá, e chegada em Montevidéu na sexta (19) pela manhã. O custo total da viagem beira os US$ 5 mil, cerca de R$ 27 mil. Tudo para ver o Athletico buscar o bicampeonato da Sul-Americana.
“A expectativa é enorme. Vamos em busca de mais essa taça. O difícil está sendo conter a ansiedade pro jogo. Acredito que será um grande jogo, bem diferente do que vimos no último confronto pelo Campeonato Brasileiro. Veremos um jogo de muita técnica e muito brigado”, avalia Rodrigo.
Os laços da família com o Furacão começaram com o bisavô Agenor, que foi sócio do Athletico desde a década de 60.
“A minha história com o Athletico vem de berço. Desde a primeira geração da minha família no Brasil, somos todos da Baixada. Meu pai, meu avô e meu irmão iam sempre ao Pinheirão assistir aos jogos na década de 90, e depois eu comecei a frequentar sempre os estádios. Desde então, somos sócios e vivemos o clube diariamente”, diz Rodrigo.
Há sete anos morando fora do Brasil, Rodrigo já está se acostumou a viajar para ver o Furacão em finais. Foi assim nas decisões da Copa São Paulo (2008), Copa do Brasil (2013), Copa Sul-Americana (2018) e Recopa (2019). Depois de Montevidéu, os próximos destinos serão Belo Horizonte e Curitiba para as disputas do título da Copa do Brasil contra o Atlético-MG.
"Quando estava para me mudar para os EUA, uma das coisas mais difíceis foi aceitar que não iria mais poder assistir aos jogos na Arena. Muitas pessoas falavam pra mim que a paixão iria diminuir, aquele ‘vício’ pelo Athletico iria sumir, mas acho que elas estavam erradas. Já teve caso em que meu vizinho chamou a polícia, pois achava que estava tendo briga em minha casa. Mas era apenas um jogo do Athletico", ri.
Na estrada
O atleticano Rodrigo Telles lidera uma das dezenas de excursões que estarão na estrada rumo a Montevidéu. De Curitiba à capital do Uruguai são estimadas no mínimo 20 horas no trajeto de mais de 1.500 km de ônibus.
O rubro-negro, que organiza uma caravana pela primeira vez, já está acostumado a seguir o Furacão. Ele assistiu partidas em Buenos Aires (duas vezes em 2019) e também já esteve presente em jogos em Porto Alegre, Chapecó, Rio de Janeiro, São Paulo e Florianópolis.
"Vai ser um jogo difícil. O Red Bull Bragantino vem fazendo uma temporada muito boa. O Furacão, apesar de ter oscilado na temporada, está correspondendo nos momentos decisivos, é nisso que eu me apego pra ter uma confiança de volta", disse.
A torcida organizada Os Fanáticos também estará presente no Uruguai, com pelo menos cinco ônibus confirmados.
Alto custo
Para acompanhar a luta do Athletico pelo bicampeonato da Sul-Americana, os torcedores tiveram que mexer no bolso. Além das passagens aéreas caras, os atleticanos ainda se assustaram com o valor do ingresso, que custa R$ 550. Foram disponibilizadas 6.250 entradas pela Conmebol.
Os atleticanos que estarão viajando para Montevidéu de avião tiveram que desembolsar, em média, R$ 5 mil. Lucas Macedo gastou acima dessa quantia para acompanhar a disputa pelo título.
“A passagem aérea subiu R$2 mil depois do jogo contra o Peñarol. Foi inacreditável. E o ingresso infelizmente não foi nada inclusivo. Tinha muita gente querendo ir e acabou desistindo por conta do valor”, comentou o atleticano que mora em Belo Horizonte.
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Ex-funcionário do Athletico, o empresário Gustavo Campos é o organizador de um voo fretado com 142 torcedores. O pacote, anunciado desde a confirmação da vaga na final, custava a partir de US$ 899 dólares (R$ 5 mil, aproximadamente) e se esgotou na última terça-feira (9), após três lotes. O primeiro foi vendido em menos de uma semana e inclui passagens, deslocamento e hotel, com três opções de acomodação para os atleticanos.
“O desafio de organizar tudo foi a questão das informações truncadas como, por exemplo, se iria precisar com o ciclo completo de vacinação, necessidade de exames RT-PCR e tudo mais. Essa foi a maior dificuldade”, disse.
O voo fretado pela Sideral sairá de Curitiba na sexta-feira (19), com duração aproximada de 2h20 no trajeto, com retorno a Curitiba no domingo (21).
