Athletico
Retorno após 17 anos

O novo Fernandinho do Athletico: colecionador de taças, líder e polivalente; veja opinião de especialistas

Por
Fernando Rudnick
04/07/2022 12:26 - Atualizado: 04/10/2023 20:18
O novo Fernandinho do Athletico: colecionador de taças, líder e polivalente; veja opinião de especialistas
| Foto: Arquivo Gazeta do Povo e Átila Alberti/UmDois Esportes

Em maio deste ano, nas redes sociais, Fernandinho chegou a brincar com a situação. Com 13 taças em nove anos pelo Manchester City, o volante precisaria pagar excesso de bagagem no retorno ao Brasil?

Além dos títulos, na Inglaterra, foram outras 14 conquistas nas oito temporadas vestindo a camisa alaranjada do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, seu primeiro clube na Europa. E, agora, 17 anos depois de se despedir do Athletico na final da Libertadores de 2005, o londrinense volta com honras de estado ao clube que o projetou.

A carreira de Fernando Luiz Rosa fala por si só, mas quem é o jogador que a torcida do Furacão vai reencontrar a partir de julho? Ele não é mais o garoto franzino e veloz que deixou o CT do Caju. Transformou-se em exemplo por onde passou.

“Pela cultura tática, cultura esportiva mesmo, a volta dele ao futebol brasileiro é maravilhosa. Fernandinho vai oferecer muito, é competitivo até hoje, aos 37 anos. A taxa de excesso de bagagem a pagar vai ser mesmo terrível", brinca o jornalista Mário Marra, comentarista dos canais ESPN.

Fernandinho deixou o Athletico em 2005. Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo (Arquivo).
Fernandinho deixou o Athletico em 2005. Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo (Arquivo).

Há três aspectos para se analisar nesse retorno. O mais óbvio é o impacto que o volante terá fora de campo, especialmente em um elenco jovem como o do Athletico.

Referência mundial, brasileiro mais vencedor na história do futebol inglês, líder e exemplo de dedicação e profissionalismo, o veterano traz uma bagagem imensurável do Velho Continente. É sinônimo de mentalidade vencedora.

"Acho que, no geral, os brasileiros não têm noção do tamanho, da importância e da moral que o Fernandinho tem na Inglaterra", fala o jornalista João Castelo Branco, correspondente da ESPN em Londres.

"Por aqui, ele é unanimidade pela qualidade e importância que teve no Manchester City. Chegou antes do Pep, então tem cinco títulos da Premier League contra quatro do Guardiola. E sempre foi muito elogiado pelo técnico, que o transformou em capitão. O Fernandinho é reconhecido como um dos grandes volantes da história da liga, pelo sucesso do time, impacto em campo e profissionalismo durante esses nove anos", completa.

EFE
EFE

Posicionamento em campo

E no campo, efetivamente, como Fernandinho vai se comportar na transição da Inglaterra para o Brasil, quase duas décadas depois? Na última temporada pelos Blues, o paranaense atuou em 33 dos 58 jogos do clube – 56,8% do total.

No entanto, foi titular apenas 17 vezes e permaneceu em campo todos os minutos somente em 14 partidas. Contribuiu com dois gols e três assistências, prioritariamente atuando como o primeiro homem de meio-campo. Eventualmente, também foi zagueiro ou lateral.

"O Fernandinho funciona como um primeiro volante tranquilamente. Caso o Felipão, que já o conhece bem, quiser jogar com três zagueiros, também pode fazer um falso zagueiro por dentro. Recentemente, já jogou de lateral também, mas acho pesado hoje em dia. Gosto dele vindo por dentro, para enxergar o campo todo", avalia Marra.

+ Confira a tabela do Brasileirão e os próximos jogos do Athletico

O acúmulo de jogos, contudo, será um fator de atenção. Mesmo que a intensidade do Brasileirão seja menor em comparação ao alto nível do futebol europeu, o número de confrontos do calendário nacional é muito superior e "compensa" essa diferença.

"Então ele não vai fazer o mesmo trabalho duro, pesado, nos jogos, mas vai fazer em escala menor, por mais tempo. Vai exigir cuidados, mas nada tão diferente do que o Athletico já fez com o Lucho González, por exemplo. É preciso usar da mesma regra e avaliá-lo diariamente", prossegue Mário Marra.

O tempo de Fernandinho em campo no últimos anos, aliás, tem naturalmente diminuído desde 2019/20. Em média, ele participa de 36 duelos por temporada desde então, mas com menos sequência de jogos. Há três anos, por exemplo, chegou a fazer 26 partidas seguidas. O número caiu para sete jogos consecutivos na temporada mais recente.

"O Fernandinho está em ótima condição física, principalmente para o futebol brasileiro, que é mais lento. Ele não foi titular em todos os jogos porque tem outro jogador para a posição, o Rodri, mas não quer dizer que não estava bem. Quando foi preciso, jogou bastante. E ele tem como bônus essa questão da versatilidade. Com o Pep diz, ele consegue jogar em qualquer posição", frisa Castelo Branco.

Fernandinho em sua primeira passagem pelo Furacão (Foto: Rodolfo Bührer/Arquivo Gazeta do Povo)
Fernandinho em sua primeira passagem pelo Furacão (Foto: Rodolfo Bührer/Arquivo Gazeta do Povo)

Volta às origens de meia?

Em seu início no Athletico, Fernandinho era um meia-atacante. Apesar de não ter as características de um armador nato, foi o camisa 10 do time na Libertadores de 2005.

Mais talentoso daquela equipe, o atleta já mostrava versatilidade e cumpriu a função de ala pelo lado direito em diversos momentos, em um sistema tático com três zagueiros. Seria possível, hoje, ver Fernandinho exercendo um papel mais ofensivo?

"Jogar mais adiantado exigiria que ele faça a blitz na saída de bola e haveria mais desgaste. Mas a capacidade técnica dele e a leitura de jogo poderiam fazer ele se adaptar rápido. Mas não sei também se ele quer jogar assim", questiona Marra.

Na coletiva de imprensa de apresentação, quando recebeu a camisa 5 das mãos do presidente Mario Celso Petraglia, Fernandinho deixou claro qual é sua prioridade.

"Minha posição de ofício é de volante, mas dependendo do plantel, se necessitar e se eu estiver em condições, posso atuar em outra posição. Mas a intenção é jogar no meio de campo", declarou, sem especificar se pretende ser primeiro ou segundo volante no time de Felipão.

Competitividade e influência positiva

Fernandinho não voltou ao Athletico para encerrar a carreira. Ele vai, sim, terminar seu ciclo como jogador profissional vestindo as cores rubro-negras, mas nem de longe fará desse período algo protocolar ou apenas um rito de passagem, como acontece frequentemente no mundo da bola.

O volante quer competir em alto nível, como fez por Shakhtar Donetsk e Manchester City por quase 20 anos. Nesse processo, vai ensinar e aprender com os mais jovens. E certamente elevar o patamar de todo elenco, com zero vaidade, necessidade alguma de ser a estrela da companhia.

"Ele não vai voltar para, de repente, relaxar. Tenho certeza que vai se aplicar para ter um belo fim de carreira", aponta Castelo Branco. "Ele tem potencial para ser um dos melhores jogadores do campeonato, mesmo jogando em uma posição sem tanto protagonismo de um atacante como o Hulk, por exemplo. Ele leva a capacidade de ser um líder, vencedor, um exemplo por seu profissionalismo e dedicação".

O contrato, no papel, é até dezembro de 2023, mas a extensão por mais um ano, até dezembro 2024, já está acordada entre as partes. Ou seja, dependendo de como as coisas aconteceram, o atleta pode pendurar as chuteiras aos 39 anos de idade, do jeito que imaginou. E em casa.

"Para o torcedor brasileiro, de forma geral, que adora um vilão e um herói, existe uma imagem de vilão colada ao Fernandinho por causa da Copa. Agora, ela é completamente falsa, é um rótulo desprovido de conhecimento. Uma maldade. E vejo que essa volta é tão boa que o Fernandinho escolheu para onde quer voltar. E o torcedor do Athletico é aquele que não colocou esse rótulo nele. Existe uma relação de cumplicidade. 'Eles estiveram comigo o tempo todo, agora quero estar com vocês'. Nas entrelinhas, o retorno do Fernandinho tem essa declaração também", finaliza Marra.

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