O anúncio da chegada do técnico Cuca ao Athletico após a anulação da condenação por estupro na Suíça causou muita divergência na torcida e opinião pública.

No entanto, o Furacão, sob a liderança de Mario Celso Petraglia, é historicamente conhecido por blindar jogadores e comissão técnica de questões externas ao CT do Caju.

Se essa foi a primeira vez que um treinador causou tanta discussão, são algumas as negociações com figuras polêmicas que o Furacão teve no passado.

Robinho

O Athletico sondou o atacante em 2020, três anos depois da condenação em primeira instância de Robinho por estupro coletivo na Itália.

Naquela temporada, o treinador do Rubro-Negro era Dorival Júnior, atualmente na seleção brasileira. Dorival foi o comandante de Robinho em 2010, no Santos. O Furacão aproveitou a relação antiga entre ambos para tentar a contratação.

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Robinho havia deixado o Istanbul Basaksehir, da Turquia, e estava sem clube. Após recusar o Athletico, acertou com Santos. Apesar disso, a quarta passagem pelo Peixe foi concluída sem nenhum jogo. O contrato acabou rescindido devido à pressão dos patrocinadores e da torcida.

Em janeiro de 2022, a última instância da Justiça da Itália condenou o ex-atacante da seleção brasileira a nove anos de prisão e pagar uma indenização de 60 mil euros à vítima. Contudo, Robinho não ficou preso por estar vivendo no Brasil, que não extradita brasileiros natos. Um julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), marcado para o próximo dia 20, vai analisar se a condenação italiana é válida no Brasil para que Robinho seja preso.  

Robinho. Foto: Divulgação/Atlético-MG

Daniel Alves

É o único atleta da lista que não tinha, ao negociar com o Athletico, nenhuma polêmica na esfera judicial.

Preso na Espanha desde janeiro de 2023, o ex-lateral-direito foi condenado a 4 anos e meio de prisão e uma multa de 150 mil euros à vítima por um estupro, chamado de “agressão sexual” no país europeu, em uma casa noturna de Barcelona, no dia 30 de dezembro de 2022.

Entretanto, em julho de 2022, meses antes de ter cometido o crime na Espanha, Daniel Alves garantiu ao The Guardian, da Inglaterra, que jogaria no Athletico se voltasse ao Brasil.

Isso se deve à relação construída com Petraglia. O dirigente recebeu Daniel Alves no CT do Caju em novembro de 2021. A visita aconteceu a pedido do clube. Daniel estava sem time na época após ter deixado o São Paulo, dois meses antes. Além da visita às instalações do clube, foram discutidas parcerias entre as partes, já que Daniel Alves tinha um projeto para crianças.

Petraglia fez oferta ao atleta, mas o lateral optou por retornar ao Barcelona. Na volta do volante Fernandinho, em junho de 2022, o presidente rubro-negro disse que ainda torcia pela contratação do jogador. No entanto, Daniel Alves fechou com o Pumas, do México, e, na sequência, foi convocado por Tite para a Copa do Mundo do Catar.

Petraglia e Daniel Alves em conversa no CT do Caju
Dirigente e jogador rasgaram elogios um ao outro.

Marcinho

O lateral-direito chegou ao Athletico em 2021 após provocar um acidente de trânsito no Rio de Janeiro que culminou na morte de um casal. Apesar da resistência de boa parte da torcida rubro-negra, o clube blindou Marcinho

Segundo a polícia, Marcinho havia bebido antes de dirigir, estava acima do limite de velocidade e fugiu sem prestar socorro. O Ministério Público do Rio (MP-RJ) denunciou o atleta por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e, em abril de 2023, mais de um ano após ter deixado o Furacão, ele foi condenado a três anos e seis meses de prisão. 

O atleta fez 57 jogos com a camisa rubro-negra e participou da conquista do título da Copa Sul-Americana. 

No entanto, no início de 2022, Marcinho foi afastado por Petraglia. O contrato, que iria até abril de 2023, foi rescindido após o jogador ter cometido pênalti nos acréscimos do empate contra o Palmeiras, no primeiro jogo da Recopa Sul-Americana. Na volta, o Furacão foi batido por 2 a 0 e perdeu a taça.

Marcinho passou pelo Athletico em 2022. Foto: Átila Alberti/UmDois Esportes

Bigode

Em março de 2023, o atacante Willian Bigode deixou o Fluminense para chegar ao Athletico por empréstimo. Na época, ele estava afastado do grupo principal do time carioca para resolver problemas particulares.

Os problemas vieram de uma denúncia do meia Gustavo Scarpa, que alegou ser vítima de um golpe milionário por parte da empresa Xland Holding, operadora de criptomoedas. A intermediação foi feita por uma empresa de Bigode, chamada WLJC.

Scarpa e Bigode foram companheiros por anos no Palmeiras. O meia afirma ter perdido R$ 6,3 milhões, enquanto o lateral-direito Mayke investiu R$ 4,1 milhões na empresa. A dupla foi enganada que teria retorno financeiro de 3,5% a 5% ao mês. 

À Justiça, Willian afirma que indicou a empresa para a dupla, mas negou benefício financeiro e que também foi vítima após perder R$ 17,5 milhões. O processo ainda corre, com Bigode como réu.

O jogador está atuando pelo Santos e vai disputar a Série B após o Furacão não renovar o acordo no fim da última temporada. Bigode encerrou a segunda passagem pelo Athletico com 26 jogos (seis como titular) e quatro gols marcados.

Nesta quarta (6), a Justiça determinou que Santos penhore 30% do salário de Bigode para ressarcir Mayke no golpe das criptomoedas. Segundo a decisão, o jogador do Palmeiras teve prejuízo de R$ 7.834.232,61 no caso.

Willian Bigode, Mayke e Gustavo Scarpa