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Joffre Cabral e Silva, uma ópera rubro-negra 

Por
Sandro Moser, especial para UmDois Esportes
25/03/2024 00:01 - Atualizado: 22/03/2024 15:36

Ninguém traduziu melhor como é o coração atleticano do que Joffre Cabral e Silva. Sua vida foi paixão, ousadia, exagero e tragédia. E muito por conta dele, essas características impregnaram-se para sempre nas tradições rubro-negras.

Foi jogador amador e diretor de futebol do clube nos anos 1940, quando seu pai João Alfredo Silva era o presidente. Joffre – pronuncia-se “jófre”, com a vogal explosiva como sua retórica de tribuno – também foi advogado destacado, homem culto, boêmio e cosmopolita da alta sociedade curitibana e carioca.

Seus pais se mudaram para o Rio de Janeiro por motivos médicos nos anos 1950 e Joffre montou sua base avançada na era das boates de Copacabana, onde atuava com vigor sem jaça.

Era homem de grandes cenas. Quando o pai morreu, pulou em cima do caixão aos pratos. Depois, recomposto, tirou do peito o distintivo do Athletico cravejado de brilhantes e o colocou na lapela do pai que desceu com a jóia a seu descanso eterno. 

Quando o CAP mais precisou dele, no rebaixamento à segunda divisão em 1967, Joffre era o cara certo no lugar certo.

Num genial projeto de gestão de crise, trabalhou nas frentes jurídica, política e midiática da questão. Num lance teatral, rasgou o regulamento do campeonato ao vivo na TV. Marqueteiro de escol, ganhou a opinião pública com a maravilhosa campanha “Athletico, Você Não Presta, Mas Eu Te Amo”.

O CAP ficou na elite e, para justificar todo o barulho, Joffre mudou a sede do clube para o Hotel Jaraguá em São Paulo. Entre muitas festas de arromba, contratou uma miríade de jogadores de renome como Bellini, Dorval, Djalma Santos, Nilson Borges, Zé Roberto, Milton Dias e outros tantos. Uma chacoalhada sem precedentes no até então agrícola futebol paranaense.

Joffre era mesmo cheio de bossa. Tinha um carro com suas iniciais na porta e colocou um "f" a mais no nome. Era o “fazedor de cenários”, o sujeito que cria as circunstâncias para que as coisas aconteçam por si mesmas, e assim fundamentou as bases morais e espirituais do atleticanismo.

Sua vida foi uma ópera em rubro-negro que terminou gloriosa e tragicamente no dia 2 de junho, em Londrina, quando um enfarte o derrubou em plena arquibancada do estádio VGD, aos 53 anos.

Velado no ginásio do clube, o enterro parou Curitiba. Desde então cada menção a seu nome é quase sempre seguida de uma das suas frases de efeito. Do esplendor dos nossos cem anos, mais fortes do que nunca, nos cabe hoje saudar sua memória e dizer: Descansa em paz, Joffre. Nunca deixaremos morrer o nosso Athletico! 

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