O empate contra o semiamador Andraus, sábado, na Vila Capanema, foi um novo espetáculo negativo na vida da torcida do Paraná.

É possível
afirmar, com pouca margem de erro, que nunca, desde a fusão entre Colorado e
Pinheiros, uma equipe tão fraca tecnicamente subiu ao gramado da Vila para um
embate oficial. Assustador.

É claro que isso já era esperado. Comandado por amadores, um clube sem calendário nacional e com apenas a segunda divisão local como meta tem dificuldades imensas de operar no mercado.

Mesmo assim, movida por alguma estranha fé inerente ao futebol, e confiando que os adversários possam ser de alguma maneira piores ainda, a torcida compareceu.

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Houve festa, cantos, fumaça e foguetórios. Pais e filhos compartilharam o concreto das arquibancadas. Quando o exótico Liliu fez dois ainda no primeiro tempo, houve até esperança. Era pouco, mas era uma vitória paranista.

Mas, é claro, como num pesadelo tricolor, tudo durou quase nada, e o Andraus logo empatou. Nos minutos finais, a festa virou decepção e a torcida já gritava febril. “Vergonha! Vergonha!”. Os jogadores, exaustos, arrastavam-se no gramado. O que mais poderiam fazer?

Após o apito final, o sol descia e, ao observar os lamentos e rostos sofridos na torcida, subitamente me lembrei de Coração das Trevas, e das derradeiras palavras de coronel Kurtz, imerso na selva escura: “O horror! O horror!”.