Festa e tensão em uma Vila fervendo. A atmosfera da ida do Paraná à Libertadores
3 de dezembro de 2006. Um domingo ensolarado, quente, daqueles típicos de que o verão está chegando. Um dia bonito, convidativo para um programa diferente. E naquele domingo o programa era ver o Paraná se classificar para uma Libertadores.
O jogo contra o São Paulo estava marcado para às 16h - assim como toda aquela rodada -. No mesmo horário, em Florianópolis, o Vasco jogava contra o Figueirense disputando com o Tricolor a última vaga para o torneio continental.
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O time paranista chegava com a vantagem. Havia vencido o São Caetano na rodada anterior e os cariocas tinham empatado em casa com o Santos. Resultado que colocou o Paraná no quinto lugar e precisando de uma simples vitória para se classificar. Pela frente, um São Paulo em ritmo de férias. Já campeão, o time do técnico Muricy Ramalho veio a Curitiba repleto de reservas.
Ou seja, na teoria, a missão não era das mais complicadas. Até por isso, além da boa campanha em si, os torcedores estavam empolgados. Cerca de uma hora e meia antes de a bola rolar, a Vila Capanema estava completamente lotada. O público registrado naquela tarde foi de 16.172 pagantes. Mas dá para dizer com quase toda a certeza que tinham bem mais lá.
Espaço da imprensa totalmente tomado, que fez com que quem escreve esta memória ficasse em pé o jogo todo, em meio a muitas cabeças de paranistas empilhados para ver aquela partida tão importante. Todos procurando um espaço para acompanhar o duelo. Algo que se tornou uma lição para este jornalista em começo de carreira: chegar bem mais cedo aos estádios, ainda mais em jogos tão importantes.
Alguns minutos antes de a bola rolar, a festa na Vila era de quem brigava por título. A ansiedade tomava conta das arquibancadas. Mas, com o passar do tempo, o calor do ambiente foi ficando abafado, tamanha a tensão que tomou conta do Durival Britto e Silva.
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Jogo truncado e pegado
Mesmo com o apoio das arquibancadas, contra uma equipe que contava as horas para as férias, o Paraná não conseguia se impor. Era um jogo amarrado, com poucos lances de perigo. Nem mesmo o fato de o Sâo Paulo ter ficado com um a menos no início do segundo tempo, quando Rodrigo Fabri foi expulso, facilitou as coisas para o Tricolor, que via uma certa ansiedade passar a tomar conta de todos.
A atenção também se dividia em saber como estava o jogo do Vasco em Santa Catarina. Aos mais novos, esqueça placar em tempo real no celular. O negócio era colar em alguém com um rádio para ter qualquer tipo de informação. E aí então o jeito era secar o time carioca. Afinal, se eles não ganhassem, o Paraná estava na Libertadores.
No final do segundo tempo, um torcedor são-paulino ainda invadiu o gramado da Vila Capanema e, até ser detido pelos policiais, jogo parado, aumentando a tensão.
Vaga na Libertadores confirmada no apito final em Santa Catarirna
Até que um grito de comemoração tomou conta do estádio. Mas não era para comemorar gol, e sim o apito final no Orlando Scarpelli. A partida entre Figueirense e Vasco acabou instantes antes do confronto na Vila Capanema e aí a comemoração tomou conta de torcedores e da comissão técnica paranista, até que o jogo acabou e a festa foi generalizada.
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Volta olímpica, torcedores pendurados nas grades, bandeirões, faixas… tudo que uma festa de conquista merece e tem direito. Com o horário de verão, o jogo acabou mais ou menos por volta de 18h e o sol estava forte ainda. Mais tempo para comemoração. Ninguém queria ir embora, afinal, com 17 anos de história o Paraná conquistava uma inédita vaga à Libertadores.
Tanto que já passava das 20h quando pude ir embora da Vila e ainda tinham torcedores no entorno comemorando. No caminho para casa, bandeiras paranistas nos carros e nos prédios. Um dia que certamente ficou marcado na história do Tricolor, que teve, talvez, mais importância do que se fosse um troféu em disputa.
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