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Paranaense é o primeiro estrangeiro a ter a braçadeira da seleção inglesa de futsal

Por
Diogo Souza
14/04/2021 18:36 - Atualizado: 29/09/2023 19:56
Raoni Medina na seleção inglesa de futebol.
Raoni Medina na seleção inglesa de futebol. | Foto: Divulgação

Ser jogador de futebol era o grande sonho da maioria dos jovens brasileiros na década 1980, e Raoni Medina fazia parte daqueles que almejavam viver do esporte. Intercalou sua grande meta calçando chuteiras e também o tênis de futsal, iniciando a trajetória em sua cidade natal, Londrina, no Paraná. Mas foi na Europa onde tudo aconteceu, até chegar ao posto de capitão da seleção inglesa de futsal e a honra de ser o primeiro estrangeiro a realizar o feito.

Então com 19 anos, Raoni recebeu uma proposta para integrar o elenco de jovens do Sporting, de Portugal, quando dividiu os gramados com um promissor jovem que chegava da Ilha da Madeira: ninguém mais, ninguém menos que Cristiano Ronaldo. Os treinos por lá não seguiram como o imaginado, problemas com o empresário pioraram a situação do brasileiro, e então ele decidiu migrar para novos desafios.

O local escolhido foi a “Terra da Rainha”. Antes disso, porém, novas aventuras no futebol pela Europa e até no futebol indoor nos Estados Unidos. Foi então aos 25 anos que um convite mudaria sua carreira. “Fui chamado para integrar o time do London Helvecia que disputaria a recém-criada liga inglesa de futsal. Sou um cara muito dedicado, com entrega total nos projetos, e a proposta era bem estruturada. Por isso decidi aceitar”, relembra Raoni.

No novo time, o brasileiro desempenhou múltiplas funções, e a equipe rapidamente teve sucesso com amplo destaque para o jogador. Hoje ele exibe 15 títulos na liga, sendo um dos maiores responsáveis pelo futsal se desenvolver na Inglaterra. E não existe país melhor no mundo para Raoni ser “coroado” com uma grande honraria.

Raoni Medina e o sonho realizado

Em 2015, seu processo de cidadania inglesa foi concluído, e ele pôde realizar um grande sonho: defender a seleção. Logo a convocação chegou para o camisa 9, então vestiu a tradicional camisa do English Team.

“A convocação, a cidadania, tudo foi fruto de um processo de muita dedicação, muito comprometimento com um país, com um projeto, com uma seleção. Nada foi fácil em minha vida, toda minha caminhada profissional sempre foi com muitos obstáculos, mas eu sempre lutei muito para superá-los”, conta.

Os jogos aconteciam, amistosos, eliminatórias para o Mundial da modalidade, Euro, até que o grande dia chegou. Raoni se destacava na seleção, marcava importantes gols, e o espírito de liderança natural do jogador estava sendo aplicado no grupo. Foi quando o antigo capitão da equipe encerrou seu ciclo na seleção, e Raoni foi chamado para uma reunião com o treinador: “Eu pensei que ia levar uma bronca, fui andando e pensando se eu havia feito algo de errado, mas não tinha (risos). Fiquei curioso”.

A conversa tinha como objetivo principal o convite para assumir o posto de capitão da seleção inglesa de futsal, prontamente aceito. “Sai da reunião emocionado, mas mantive a postura. Entrei no elevador e comecei a pensar no que estava acontecendo, cheguei no quarto do hotel tremendo”, recorda. “Foi uma das sensações mais incríveis da minha vida”, completa.

A estreia com a braçadeira foi ainda mais especial. Toda a família de Raoni estava no ginásio, e o discurso no vestiário serviu para motivar toda a equipe: “Como capitão, pedi a palavra final. Lembro que todos arregalavam os olhos enquanto eu falava (risos). Segurei o escudo e disse: ‘Vocês estão vendo esse brasão aqui? Nenhum de vocês sente mais do que eu. Podem sentir o mesmo, mas não mais do que eu. Eu escolhi estar aqui. Lutei e sofri para estar aqui com vocês, lutei e sofri para que esse momento fosse real. Então vamos entrar em quadra, deixar tudo que temos lá dentro pela vitória’. E o final não poderia ter sido melhor: vitória e gol decisivo”.

Paralisação e novos projetos

Por conta da pandemia provocada pelo novo coronavírus (Covid-19), as competições de futsal estão paralisadas na Inglaterra, assim como as atividades da seleção. Raoni aproveita o tempo livre para investir no pós-carreira. Aos 39 anos, ele se especializa em gestão esportiva em cursos da Uefa e da La Liga.

“É muito triste tudo que vivemos desde o ano passado, estou morrendo de saudade de jogar novamente. Saudade da bola, dos companheiros de time e seleção, do jogo, da torcida, de tudo. Mas entendo perfeitamente que tudo deve priorizar a segurança da sociedade. Enquanto isso, enquanto não volto a jogar, sigo estudando bastante, me dedicando a projetos que tenho para desenvolver quando decidir encerrar minha carreira”, finaliza Raoni.

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