A carreira da curitibana Patrícia Ribeirete é marcada por uma história de superação que transcende as quadras. Prestes a estrear em mais uma temporada no futsal italiano, a atleta relembrou um episódio que transformou um momento de dor em motivação para novas conquistas. No fim de 2021, a jogadora brasileira enfrentou uma das fases mais difíceis de sua vida: seu pai, José Manoel Araújo Silva, sofreu um AVC enquanto estava internado por complicações da Covid-19.

“Quando aconteceu, eu pensei em parar de jogar. Queria ficar no Brasil para cuidar dele”, lembra Patrícia. “Mas foi o meu pai que olhou para mim e disse: ‘Não quero que você fique por minha causa. Volte para a Itália e ganhe um título para mim’”.

A promessa virou combustível. Determinada, Patrícia voltou a defender o Molfetta e, em 2022, viveu uma noite histórica: na final da Série A2 italiana, marcou os dois gols da vitória por 2 a 1 e garantiu o acesso à elite. “Naquela final, cada gol que eu fiz foi por ele. Era como se eu estivesse cumprindo a palavra que dei”, destaca a jogadora. O título foi ainda mais simbólico, já que o clube tentava conquistar o acesso à Série A há anos.

De Curitiba para o mundo

Patrícia começou no futsal ainda criança, jogando entre os meninos, e mais tarde passou por equipes como Universidade do Esporte, Coritiba Futsal, Londrina e Paraná (Dom Bosco). Foram anos de conquistas nacionais importantes, como a Taça Brasil, a Liga Nacional, a Série A do Brasil e a Supercopa. “Posso dizer que conquistei tudo no Brasil antes de ir para a Itália. Esses anos me formaram como atleta e como pessoa”, afirma.

Em 2018, iniciou sua trajetória internacional no Napoli e, desde então, defendeu clubes como Città di Capena, Bechelli, Irpinia Futsal, Molfetta, Tikitaka, Lazio, Cagliari e atualmente o Levante Caprarica.

Patricia Ribeirete – Futsal feminino – 2025 2

O título da Série A2 de 2022 segue sendo o momento mais marcante da carreira. Do outro lado da tela, no Brasil, o pai acompanhava a decisão com um aparelho de pressão arterial no braço, monitorando cada batimento. “Minha irmã me mandou uma foto dele assistindo. Ele estava nervoso, mas feliz. Aquilo nunca vai sair da minha memória”, conta Patrícia.

Hoje, o pai da jogadora, mesmo com algumas limitações, conseguiu voltar à natação — esporte que praticava desde criança. Para ela, esse exemplo é mais inspirador do que qualquer medalha. “Ele me mostrou que nunca é tarde para recomeçar. Sempre que entro em quadra, lembro disso”, revela.

Na última temporada, Patrícia defendeu o Cagliari na Série A da Itália antes de assinar com o Levante Caprarica. Reconhecida pelo chute potente de perna esquerda e pela versatilidade em quadra — atuando como fixo, ala e até pivô quando necessário —, a atleta segue como referência de experiência no futsal europeu.

“Eu já penso em aposentadoria, mas enquanto tiver motivação e condições de ajudar em quadra, vou continuar. O futsal é a minha vida”, resume Patrícia Ribeirete, que agora se prepara para mais um desafio no futsal italiano.

A estreia do Levante Caprarica na temporada será no dia 12 de outubro, diante do Virtus Cap San Michelle, com mando de quadra da equipe italiana. O confronto marca o pontapé inicial da jornada do time na competição e representa também o primeiro desafio de Patrícia Ribeirete com a nova camisa em partidas oficiais diante da torcida.

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