Todo início de temporada o Coritiba enfrenta o mesmo dilema: o que fazer com o Campeonato Paranaense? O glorioso “Ruralzão”, que deveria servir apenas como pré-temporada para o elenco, vem trazendo transtornos significativos ao Coxa.

O problema começa com o tratamento dado ao Estadual. Nos últimos anos, não está claro o que o Coritiba realmente quer com o certame organizado por Hélio Cury. Primeiro promete disputar com sub-23 e usá-lo como vitrine, depois joga o planejamento fora e entra com tudo em busca da taça.

Sob a nova gestão, o presidente Renato Follador afirmou que usaria o time sub-23 no Paranaense, mas voltou atrás e agora planeja usar um time misto. A justificativa é a falta de uma pré-temporada. Realmente, não é uma decisão fácil. Ainda mais com o clube na Série B.

Mas o clube precisa tomar cuidado na supervalorização de um torneio esfacelado. Nesta situação, ficar em cima do muro é a pior decisão.

Nessa história ainda temos um agravante que, na verdade, é o que realmente cria o dilema: o rival Athletico, não só disputar, mas ganhar o torneio com seu time de aspirantes. E mais. Fazer isso sem titubear. Se ganhar, ganhou. Se perder, perdeu. Assim, o clube é o atual tricampeão.

É aí que mora perigo. Porque, no fim das contas, o Paranaense acaba tendo uma relevância maior do que merece para o Coritiba, que automaticamente vira um “favorito” por supostamente não ter concorrentes à altura. Mas a realidade mudou, apesar do Alviverde ser o maior vencedor estadual.

Na época em que o CAP mandava à campo seu time sub-23 e o Coxa possuía um time robusto, não havia problema. Atropelava a piazada rubro-negra e fim de papo.

O problema começou quando o Coxa decaiu, após o rebaixamento em 2017. Sem o clube perceber, o elenco de aspirantes do rival passou a ser mais forte do que seu próprio time principal. Foi assim em 2018 e 2019 em derrotas que abalaram o Coxa. O mesmo aconteceu em 2020, já com o Athletico utilizando o time principal na reta final após a paralisação por conta da pandemia.

Claro, ninguém gosta de perder para o arquirrival uma decisão, mas o que realmente importa para o Coritiba no primeiro semestre se chama Copa do Brasil.

O torneio nacional vale muito mais. Só que o Coritiba não consegue desapegar do Estadual para focar na Copa, acumulando eliminações precoces que custam caro esportivamente e financeiramente.

A nova oportunidade é fazer diferente em 2021 e não dar sopa pro azar. Passar sem susto pelo União Rondonópolis e almejar uma vaga nas oitavas de final do mata-mata. Se chegar lá, vale mais do que mais um caneco estadual.