Amigos blogueiros, quatro temas em uma paulada só, pois o dia foi daqueles, com sabatina, fechamento e uma caça longa por Roberto Dinamite, a quem consegui entrevistar já agora à noite (valeu, Lédio! A Patrícia foi o melhor caminho mesmo).

Supermando

Antonio Costa/Gazeta do PovoAntonio Costa/Gazeta do Povo
Os auditores do Tribunal de Justiça Desportiva consideraram que o pedido nem deveria ter sido julgado novamente

Começo com a notícia mais fresca, a confirmação do supermando para o Estadual do ano que vem. O Tribunal lavou as mãos. Não quis correr o risco de mais uma vez ver uma decisão sua ser desmoralizada no STJD.

Assim, fica desmoralizado por mais um ano o futebol paranaense. Teremos novamente de aguentar as piadas de ter um campeonato em que, na fase final, restringe a luta pelo título a duas equipes, com vantagens indecentes.

Para os clubes do interior, será melhor ficar em nono, fora da fase final, do que em oitavo, arcando com o prejuízo de disputar sete partidas sem arrecadação. Para os grandes, o negócio vai ser se empenhar na primeira fase, onde de fato será decidido o título.

A responsabilidade dessa fórmula ridícula é primordialmente da Federação, que redigiu uma aberração dessas sem perceber. E logo atrás dos clubes, que, em regra, vão aos arbitrais apenas para passear, distribuir tapinhas nas costas e pedir favores. É a punição justa por tamanho desleixo.

Me espanta ver a argumentação do advogado da FPF, Juliano Tetto, redator do regulamento, de que o regulamento foi feito desse jeito por causa da tevê.

E aqui não entro em nenhum tipo de defesa corporativa. Para a tevê o supermando é horrível, pois inviabiliza o princípio básico da grade de transmissão de qualquer competição: os times de maior audiência jogando como visitante.

Assumir os erros faz bem e não é vergonha para ninguém.

Sabatina

Rodolfo Bührer / Gazeta do PovoRodolfo Bührer / Gazeta do Povo
Romani falou que o futebol de hoje em dia é refém dos empresários e acredita em patrocínios, não parcerias, para viabilizar reforços

Hoje foi dia de ouvirmos Aquilino Romani, candidato da situação a presidente do Paraná. Este sim, candidato, com um projeto. Ideias boas? Viáveis? Solução para o Paraná? O tempo que vai dizer, mas pelo menos são coerentes e adequadas à realidade. Fora isso, fiquei com as seguintes impressões:

– Roberto Cavalo será o técnico do Paraná no início de 2010. Romani não admite conversas, mas é cristalino que há um acordo alinhavado;

– Interessante a ideia de captar investidores para o futebol através de patrocínios (uniforme, placas no estádio, nas sedes). É preciso ver que funciona. Está disseminada no futebol a prática de investir com retorno atrelado à venda de jogador. O próprio GI do Paraná funcionava assim. Desvincular uma coisa da outra aumenta a autonomia do clube na hora de vender jogador, mas torna mais difícil atrair parceiros;

– Não sei em que grau, mas achei nítido que Vavá terá mais voz no futebol tricolor;

– A Base terá de dar resultado logo e terá seu trabalho mais fiscalizado. Acho correto. O clube não pode simplesmente abrir mão de um departamento importante para um parceiro. Nem no profissional, nem na base.

futebolpr

Alertado por um colega de trabalho, vi que um post meu foi alvo de resposta no futebolpr. Primeiramente, fico feliz pela honra que é motivar um texto assinado no futebolpr, dos poucos postados ali a mostrar a cara de quem conduz o site e que interesses ele serve.

O Futebol.PR surgiu no início da década, iniciativa de Armindo Berri, então editor de Esportes e hoje secretário de Redação da Tribuna do Paraná. Grande sacada, cobria os times do interior, sempre trazia informações úteis e exclusivas, além de um excelente conteúdo histórico. Era fonte constante de informação para jornais (Gazeta inclusive), rádios e tevês.

O negócio acabou não vingando, não deu lucro, o Armindo acabou desfazendo-se dele. Nelo Morlotti, o autor do post que muito me honra, assumiu o controle. O site claramente passou a ser tendencioso, atacando e defendendo o que lhe interessava, mas sempre disfarçado de produto jornalístico.

Saiu do ar e voltou recentemente, quase como um blog. Virou claramente veículo de propaganda da L.A. Sports. Jogadores da empresa, atuem bem ou mal, sempre são exaltados. Quem não é da turma, leva chumbo. Basta passear pelo site para ver que é o que acontece.

Algum problema nisso? Nenhum. Qualquer empresa tem o direito de ter um site seu, defender seus jogadores, suas ideias. O país é livre e a imprensa é aberta a todos.

O problema é não assumir isso. A Traffic, por exemplo, acaba de comprar o Diário S. Paulo. Operação pública, amplamente divulgada. Se já não está lá, o nome de J. Hawilla logo estará no expediente do antigo Diário Popular. Procure identificação similar no futebolpr. Não achará.

Então, fico feliz quando o Nelo resolve assinar um texto e claramente mostrar que o site tem dono e está atendendo os seus interesses. Por isso, faço questão de responder os pontos levantados por ele.

1 – se para a L. A. Sports futebol é só negócio, como explicar que ela ajuda a pagar salários de jogadores como Goiano, que sequer têm algum vínculo com a empresa?

Realmente digno o apoio ao Goiano, algo que o clube deveria ter feito. Não custa lembrar, porém, que o resgate de Goiano ocorreu no ápice da perseguição de parte da torcida aos jogadores da L.A. Portanto, trazer Goiano de volta, por mais digno que seja, era e é jogar pra torcida, acalmar quem critica os andamentos do negócio. Uma mistura de populismo com assistencialismo.

2 – “a polêmica troca de jogadores por refeições” foi aprovada pelo conselho deliberativo do Paraná Clube, na época

Fico muito à vontade para falar dessa troca de jogadores por refeições, pois fui dos primeiros repórteres a tratar o assunto com a seridade merecida, como uma dilapidação do patrimônio do clube, não folclore, como alguns viam.

Ter de abrir mão do percentual dos jogadores porque não tem como bancar refeição das categorias de base é prova pura de incompetência administrativa. A partir dali o Paraná acentuou um processo ainda em andamento de perda dos seus próprios jogadores.

Se o clube abriu a brecha, a L.A., como empresa, fez bem em aproveitar uma oportunidade de ouro. Agora, ninguém pode negar que foi isso que colocou a L.A. no clube e que foi esse trabalho no Paraná que fez a L.A. ser alguém no mercado do futebol. O clube beneficiou-se da empresa, mas a empresa beneficiou-se ainda mais do clube.

3 – E o que falar da tese de que o Paraná virou incubadora do Avaí? Outra desinformação do jornalista. No caso de Zé Carlos, é bom dizer que a L. A. Sports precisou insistir muito para que ele viesse para o Paraná. O clube não queria, dizia estar satisfeito com seus goleiros e a B.A.S.E pôs “pilha” contra Zé Carlos, a fim de emplacar Rodolfo.

Clube algum é obrigado a engolir jogador de empresário ou de parceiro. Então, não dá para ficar posando de vítima ou se sentindo ofendido porque o clube não quis o goleiro. Achou que não precisava, avaliou errado, pagou por isso e voltou atrás. Pronto. Ou agora o Paraná é obrigado a engolir com farinha quem a L.A. empurrar?

Foi Luiz Alberto quem disse que Zé Carlos já iria para o Avaí. Então, por que não foi? Porque não teria chance, Eduardo Martini jogou o Brasileiro inteiro. Colocar Zé Carlos no Paraná foi uma baita negócio para a empresa. Manteve o jogador em atividade, deu-lhe ritmo. Levará um goleiro pronto para o Avaí após passar, sim, por uma incubadora.

4 – opina dizendo que a L.A. Sports estaria “cavando” uma saída da B.A.S.E para dominar o futebol tricolor de ponta a ponta. Ora, ora, tolice tem limite

Não há semana em que o futebol.pr, veículo de comunicação oficial não assumido da L.A. Sports, não bata no trabalho da base.

“E aqui abro um parênteses para, vejam só, concordar com o Nelo – a Base já tem tempo suficiente de Paraná para dar pelo menos algum resultado em campo ou mandar um jogador pronto, que seja, para o profissional.”

Vendo essa postura do futebol.pr em relaçâo à Base e fazendo uma conjectura bem simples, é óbvio para qualquer um que para a L.A. seria melhor não ter concorrência nas parcerias com o Paraná, como, por exemplo, é no Avaí. Lá a empresa tem controle total do departamento de futebol, o que, aliás, deu muitíssimo certo este ano, e é natural que queria repetir o modelo na Vila Capanema, com apoio total e irrestrito e seus sócios nos braços do povo.

Não há situação maior para qualquer empresa. E empresas que investem no futebol, como a L.A., querem apenas uma coisa, lucrar. O futebol para elas é negócio. É assim para a Traffic, para a Mais Sports, para o Figer, para o Léo Rabello e para a L.A.. Dizer o contrário é mentir descaradamente e tentar chamar o público de trouxa.

Cahuê Miranda

Encerro este post cavalar com aquilo que, para mim, é o mais importante de tudo. Cahuê Miranda, colega de faculdade, amigo de botecos e churrascos, repórter da Tribuna do Paraná, está internado no Hospital Evangélico, precisando de 40 doadores de sangue de qualquer tipo. É para combater um quadro de anemia, associado a uma doença ainda não identificada.

Para quem é amigo do Cahuê, a ida ao Evangélico é obrigatória. Para quem lê o seu trabalho, gostando ou não, ou nunca ouviu falar dele, vale a ida lá pelo sentido humanitário da ação. Cahuê é um grande cara, uma das figuras mais inteligentes e simpáticas que conheço, apaixonado por tudo o que faz. Merece essa ajuda, merece a oração de todos nós. Força, bróder!