Condenado a nove anos de prisão por estupro pela Justiça italiana, Robinho voltou a se declarar inocente em entrevista à Record neste domingo (17). Na próxima quarta-feira (20), o ex-jogador terá o pedido de homologação da pena julgado pelo STJ. O julgamento será transmitido ao vivo, a pedido da Itália.

Em entrevista ao “Domingo Espetacular”, ele afirmou estar sendo alvo de racismo pela justiça italiana e pediu desculpas “a todas as mulheres”.

“Tivemos uma relação superficial e muito rápida. Fizemos sexo oral e trocamos beijos. Estávamos ali com o consentimento dela. Ela estava consciente, em nenhum momento ela gritou ou pediu para parar”, afirmou Robinho. “Quando vi que ela queria continuar com os outros rapazes, fui para minha casa.”

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“Só fui saber depois de quatro meses [da acusação de estupro], porque eles me contaram. Disseram que ficaram com a garota por determinado tempo, com o consentimento dela, e depois dali foram para outra discoteca. Eu já nem estava mais no local”, acrescentou.

O ex-atleta afirmou ainda que foi alvo de racismo pela justiça italiana. “Se o julgamento fosse de um italiano branco, o resultado seria bem diferente”, disse. “Eles [italianos] têm o objetivo principal de me condenar por algo que eu não fiz. Ela [vítima] fez uma falsa acusação, como se ela estivesse inconsciente. Fui condenado por ‘inducione’. Não induzi ninguém a beber”, se defendeu.

Ainda de acordo com ele, quatro dos seis homens presentes no suposto estupro coletivo não foram corretamente julgados. “Se foi algo coletivo, envolvendo seis pessoas, por que só eu estou respondendo por isso?”

Segundo investigação do Ministério Público italiano, Robinho e outros cinco brasileiros praticaram violência sexual de grupo contra uma mulher de origem albanesa que, embriagada e inconsciente, foi levada para o camarim de uma boate em Milão, onde foi estuprada várias vezes. O caso ocorreu em 2013.

Por terem deixado a Itália durante a investigação, quatro homens não puderam ser notificados, e o caso deles foi desmembrado do processo. O outro, assim como Robinho, foi condenado.

Tentativa de extorsão

Questionado por Carolina Ferraz se gostaria de dizer algo à vítima, Robinho voltou a dizer que é inocente. “Não tenho nada a dizer a ela, só que sou inocente. Se tem alguém a quem devo desculpas é à minha mulher e a todas as mulheres que foram induzidas pela mídia a acreditar que eu sou esse monstro que estão tentando me transformar”, disse.

Sobre os áudios vazados em que debochava e ria da vítima, Robinho afirmou que foram “tirados de contexto” e que sofreu tentativa de extorsão.

“Não eram meus amigos, eram pessoas que tentaram se aproveitar de mim para tirar meu dinheiro. Tentaram me extorquir, me pediram 60 mil euros. Se eu tivesse feito algo errado eu pagaria os 60 mil euros. Minha risada foi porque eu estava seguro de que estava sendo extorquido”, afirmou.

Os áudios aos quais o ex-atleta se refere foram incluídos no processo pelo Ministério Público da Itália.Nas gravações, Robinho diz: “Por isso que eu estou rindo, eu não estou nem aí. A mina estava extremamente embriagada, não sabe nem quem que eu sou.”

Ele diz que espera ser inocentado pelo STJ. “Espero que aqui no Brasil eu possa ter a voz que não tive lá fora. Minhas provas não foram consideradas por eles.”

Ele questiona a ‘inconsciência’ da vítima

“A pessoa que me acusa de algo tão grave e bárbaro, de estupro, ela lembra o que tinha acontecido no local, a cor da minha camisa, quantas pessoas estavam no lugar. Temos imagens de que ela estava combinando de se aproximar de mim logo depois de a minha esposa deixar o local. Ela estava com outros rapazes. E foi para outro lugar com os mesmos rapazes até altas horas da madrugada. Em nenhum momento ela estava alterada, teve comportamento diferente. Ela dançou com outros rapazes, não era local fechado. Não era local violento, que não dava para ver. Ela não aparentou estar inconsciente. As provas mostram que ela não estava inconsciente”.

Nos áudios, Robinho nega qualquer participação no crime, ri e diz que a vítima estava embriagada. “Por isso que eu estou rindo, eu não estou nem aí. A mina, a mina estava extremamente embriagada, não sabe nem quem que eu sou”, diz Robinho.

O caso de Robinho volta à tona nesta semana porque a Justiça brasileira vai definir se ele cumprirá a pena no Brasil ou não. O país não extradita seus cidadãos. Por isso, não envia o ex-jogador à Itália para cumprir a pena.

“Quem cometeu esse tipo de crime tem que pagar mesmo. Mas não foi o meu caso. O meu caso é uma falsa acusação. Não sou esse monstro. Não sou violento. Nunca tive isso. Posso afirmar que não é verdade no que estão tentando me transformar. Eu espero que no Brasil eu possa ter a voz que eu não tive lá fora.”, disse Robinho.

A noite de festa

“Eu fui condenado na Itália injustamente a nove anos por algo que não ocorreu. Eu tenho todas as provas que mostram isso. Naquele dia, estava em uma noite tranquila, me divertindo com minha esposa e amigos. Em determinado momento, ela foi para casa descansar. Eu sempre gostei de me divertir com amigos e conhecidos. Estávamos em uma boate, normal, em um café. Uma moça se aproximou, começou a conversar comigo, começou a ter leve contato. Fomos para outro lugar próximo, aberto. Tinha seguranças no local. E logo depois daquele contato, fui para casa. Não aconteceu nada além disso.”

Intervalo entre a foto com os amigos de Robinho e mensagem para os amigos.

“Nesses 22 minutos, eu saí em 5, 10 minutos que minha esposa foi embora. Eu já tinha ido para casa, fui o primeiro a sair. Até porque eu ia treinar no outro dia. Não sou de beber, até porque eu tinha que dirigir. Ela me acusa de algo sem o consentimento dela. Estupro coletivo. Se ela estava inconsciente no momento que estava comigo, que foi algo rápido e superficial, como que estava inconsciente para lembrar quantas pessoas estavam na discoteca, mandar mensagens para amigas, saber marca do carro? É impossível estar inconsciente e lembrar de tantas coisas que ela lembrou. A quantidade toxicológica dos exames provam que ela não estava bêbada. Ela foi procurar 4 meses depois a Justiça.”

E os amigos dele?

“O que eu tive com ela foi muito rápido e eu saí do local. Eu fiquei sabendo depois de quatro meses pelo que eles (amigos) me contaram. Eles me contaram que eles ficaram com a garota por determinado tempo, com consentimento dela. Eles não se aprofundaram. Mas aí já não é uma questão minha. Eu fui condenado por algo coletivo de seis pessoas. Por que só eu estou respondendo por isso? Fica bem claro que tinha o objetivo principal de tentar me condenar por algo que não fiz.”

Admissão de traição

“Tivemos uma relação superficial e rápida. Troca de olhares e trocamos beijos. Fora isso, eu fui para minha casa e ela continuou no local, como uma pessoa totalmente consciente. Em nenhum momento ela empurrou, falou “para”. Era um local totalmente aberto. Quando eu vi que ela queria continuar com outros rapazes, fui embora para casa. Foi consensual. Nunca neguei. Eu poderia ter negado, porque não tem meu DNA lá. Mas não sou mentiroso, não preciso mentir.”

Infidelidade

“Eu cometi os meus erros e isso foi resolvido com minha esposa há 10 anos. Eu nunca fui santo. As pessoas evoluem. Mas isso não significa que eu sou criminoso. Existe uma diferença entre cometer um erro e cometer um crime”.

Racismo da Justiça italiana

“Eu já cansei de ver história de racismo, com companheiros meu, como Balotelli. O Prince Boateng sofria muito disso. Infelizmente, isso tem até hoje. O que a Justiça italiana fez em relação a isso? Nada. Os mesmos que não fazem nada com esse tipo de ato de racismo são os mesmos que me condenaram no ato de racismo. Se o meu julgamento fosse para um italiano, um branco, eu tenho certeza que seria diferente.”