A presença da paranaense Isabella Neris, atleta transgênero do Voleiras, time de vôlei de São José dos Pinhais, fez o programa Bem, Amigos debater o preconceito. A atração do SporTV foi ao ar nesta segunda-feira (4).
Neris já contou à reportagem da Gazeta do Povo seu drama para ser aceita em um time feminino (leia aqui). O preconceito e as barreiras foram muitas até conseguir uma liberação oficial da Federação Paranaense de Vôlei.
Diante do caso de exclusão, o repórter Abel Neto, um dos principais nomes do jornalismo eportivo do Globo, fez um relato sobre o racismo no país.
”Muitas vezes. Até hoje quando vou a algum estádio, dependendo do estádio tem alguns xingamentos. Em português claro: macaco. Na verdade, esse tipo de falta de educação, de intolerância, tem relação com todo mundo,independente de ser negro. Às vezes é por bairrismo, já vi mulheres repórteres, ofensas, xingamentos. São coisas que existem, infelizmente, não só no Brasil, mas em todas os países no mundo, mas que a gente tem que enfrentar”, desabafou.
Ele seguiu: ”Todo mundo é igual, mulher, negro, branco, japonês, índio. A maioria é carinhosa, é respeitosa com o nosso trabalho. “Hoje tem o preconceito, a discriminação, tem xingamento, gente que não aceita. Pode mudar muito e está sendo um pontapé inicial [a aceitação de atletas trans]”, avaliou.
O caso de Isabella, 25 anos, é histórico e agitou os bastidores do vôlei nacional: a partir dos estudos para autorizar a inserção dela em jogos femininos, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) decidiu rever seus critérios e, conforme apurado pela reportagem, deve publicar uma nota oficial em que adota os mesmos critérios do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a atuação de atletas transexuais: provar baixo nível de testosterona no último ano, independentemente da cirurgia para mudar de sexo.
O processo de aceitação da central em jogos da federação estadual seguiu outros critérios, aceitos até aqui pela CBV. Isabelle teve o reconhecimento oficial da Justiça para ser identificada como mulher, com alteração do nome e gênero em certidão de nascimento e RG no ano passado e, deste então, o clube Voleiras solicitava à Federação Paranaense de Voleibol (FPV) a inclusão dela em campeonatos oficiais.