Se vai funcionar, é impossível dizer. Até porque, guinchar o Atlético do atoleiro em que o clube se meteu vai bem além da capacidade ou não do treinador. Agora, uma coisa é certa, com a contratação de Renato Gaúcho pelo Furacão, o futebol paranaense passa a conviver com um dos grandes personagens da história do esporte no Brasil.

Em seus 17 anos de carreira, o Portaluppi mandou muito bem dentro de campo e, fora dele, foi ainda mais sinistro. Tem dúvida? Sugiro que jogue no Youtube “O jeito de ser e de viver de Renato Gaúcho”, manchete de uma entrevista clássica concedida por ele à Glória Maria, exibida pelo Fantástico, em 1990. Ali, em 4 minutos, está a síntese do apelidado Renight.

Já na abertura, o então ídolo do Flamengo surge trajando a peça número 1 de seu vestuário: uma arrojada sunga, amarela vibrante, peça controvertida que em Curitiba vai mofar no closet do treinador. Completam o estilo consagrado o penteado mullet puro – que esvoaçava no Maraca – e os óculos escuros, estes ainda marca registrada.

As raquetadas no ping-pong com a repórter são tão atrevidas quanto à imagem do novíssimo comandante rubro-negro. Uma das minhas prediletas é a resposta nonsense para “um homem bonito?”. “Fernando Collor de Melo”, solta Renato, inebriado pelo Brasil República.

Há ainda outra, a mais violenta, quando inquirido sobre “o que mais detesta”: “Infidelidade”. Saindo de alguém exaltado nos botecos e boates por ter “passado o trator” (expressão dele) em mais de mil mulheres, e que sempre afirmou ser comprometido com a eterna Maristela, é artigo para antologia.

Boleiragem/malandragem que – aí sim, dá pra confiar – será fundamental para enquadrar a rapaziada no CT do Caju. E, sem dúvida, emprestará irreverência ao nosso futebol, o mais tímido e recatado do país.