Muita gente que ligou a tevê hoje ali pela hora do almoço ficou em dúvida se era ele mesmo. Pela primeira rodada da Copa do Mundo de Futsal, na Tailândia, o Brasil encarava o Japão. Na escalação, um nome conhecido da torcida brasileira. Mas não do lado brasileiro. Kazuyoshi Miura, ou apenas Kazu, vestia a camisa 11 da equipe nipônica, aos 45 anos de idade. Era ele mesmo
Os mais novos não devem ter a menor noção de quem seja Kazu. Já a moçada a partir dos 30 anos se lembra. Em uma época em que era muito raro um jogador estrangeiro vir para o Brasil, o meia era uma excentricidade no nosso futebol.
Como se não bastasse ter um atleta lá do outro lado do mundo, Kazu encarou o lado B do futebol brasileiro, nos castigados gramados da década de 80. No Alto da Glória, conquistou seu único título na aventura em terras tupiniquins: o Paranaense de 1989, na boa equipe com Tostão, Osvaldo, Serginho Cabeção e Chicão, comandada por Edu Coimbra, irmão de Zico.
Kazu chegou ao Brasil em 1986, aos 18 anos, para fazer teste no Juventus da Moóca. Ali começou a alta quilometragem do Japa por nossos gramados. Participou de amistosos do Palmeiras pelo Japão em 1986. No mesmo ano foi para o Matsubara, onde abrandou um pouco a saudade de seu país no time da colônia nipônica de Cambará, no Norte do Paraná.
Ainda passou pelo CRB de Alagoas e XV de Jaú até chegar ao Peixe e, na sequência, ao Coxa, em 1988. Em 1990, jogou novamente no Santos e retornou ao Japão, quando estreou pela seleção de seu país e sentiu a frustração de não poder ir na Copa de 94, quando o Japão deixou o Iraque empatar em 2 a 2 na última partida das Eliminatórias asiáticas.
Destaque do Japão nas Eliminatórias para a Copa de 98, inexplicavelmente não foi convocado para o Mundial da França. Perdeu a oportunidade de entrar para a história ao lado de Brian Laudrup como um dos jogadores que participara de Mundial de futebol e de futebol de salão.
Talvez para abrandar a frustração, voltou a ser um itinerante do mundo da bola. Jogou na Itália e no futebol incipiente da Croácia e Austrália.
Mas aqui no Brasil ele nunca foi esquecido. Até porque, fez sucesso bem no período em que novos heróis japoneses, depois da onda do Ultraman, estouraram na televisão brasileira. Para gurizada, Japão não era sinônimo de sashi e alta tecnologia. Era Jaspion na tevê e Kazu em campo.