Depois de 2005, o Atlético perdeu a mão no futebol. Desde os últimos anos da Era Petraglia, quando começaram os erros, não são muitos os acertos na gestão. Todos os anos, correções de rumo são feitas. Dezenas de jogadores são trazidos, dispensados. Esta temporada guarda algumas similaridades com o rebaixamento do Coritiba em 2005, conforme conversei com o hoje editor adjunto do caderno de Esportes da Gazeta do Povo, Nícolas França, que naquela temporada foi o setorista do Alviverde.

Ivan González fez parte do pacote de salvação de 2010 e entrou bem em várias oportunidades naquela temporada; Ele foi dispensado nesta sexta-feira
Naquela oportunidade, a diretoria vendeu no começo do ano o lateral Adriano e o volante Roberto Brum. Durante o Brasileiro, saíram o goleiro Fernando (que hoje tem o sobrenome Prass adicionado ao nome de guerra), o lateral Rafinha e o zagueiro Miranda. O atacante Alexandre “Bambu” saiu ao receber proposta melhor (corrigido após comentários e uma correção do editor). Sim, o Coritiba desmontou praticamente a defesa inteira e não conseguiu recompô-la durante a temporada, além de ter perdido um atacante que estava em alta.
Só que o Atlético tem mais chances de fazer mais uma correção de rumo. Ao perder Neto, Rhodolfo e Chico, a defesa foi desfigurada. Precisa recompor para que o time seja reconstruído a partir dela. Tomar poucos gols é a receita para garantir uma campanha ao menos mediana.
O futebol atual, dentro e fora de campo é receita para cair. Dentro, mudanças repentinas, experiências nas horas erradas, poucos acertos em contratações, além de um grupo com jogadores em litígio e problemas disciplinares. Fora de campo, uma briga política canibal (com voltagem semelhante, por exemplo, à do Palmeiras, onde um grupo quer comer o fígado do outro) e a antecipação do processo eleitoral. Errou a oposição ao transformar o campo de futebol em palanque e errou a situação ao apresentar possível candidato à sucessão. Bizarramente, muitos erros apontados pelos hoje oposicionistas foram também cometidos por eles no poder. O Coritiba, em 2005, também viveu um ano eleitoral.
Aí a sorte do Atlético: ter tempo para corrigir o rumo e corrigir esta receita para cair no Brasileirão que é feita quase todos os anos. E mais uma vez vai viver no limite. Remendos não dão certo para sempre e uma hora precisarão ser consertados. Depois de vários quase (entremeados por uma correção precoce com reforços felizes que deu na campanha do ano passado), uma hora pode dar errado. O futebol atleticano ainda não entendeu ou esqueceu que o melhor antídoto contra o “azar” é não dar sopa para ele.
PS: Um fenômeno interessante acontece na Baixada desde 2005, ano do vice da Libertadores. Vários jogadores de relativa qualidade passam pelo clube, não dão certo, e conquistam relativo sucesso fora, como Jorge Henrique, Edno e Wallyson. O que será que acontece de errado no CT do Caju, que antes era conhecido como um reabilitador e tanto de atletas?

Wallyson é um dos jogadores que chegaram com algum cartaz, não foram bem na Baixada, mas estão bem fora: atualmente, está em boa fase no Cruzeiro