“Não vamos deixar o Paraná Clube, pois temos um contrato. A proposta do Fortaleza foi muito tentadora, tanto pelos valores quanto pelo prazo, que seria de dois anos. Mas nós assumimos um compromisso aqui e pretendemos cumpri-lo”.
Esta foi a explicação dada na segunda-feira por Fernando Moreno, preparador físico do Paraná, para que a comissão técnica chefiada por Zetti não trocasse a Vila Capanema pela capital cearense.
“Estou muito feliz aqui. Mas a oportunidade ia aparecer cedo ou tarde, como aconteceu com o Caio Júnior e outros treinadores. Também temos de pensar na parte financeira.”
Este foi o discurso de Zetti na quinta-feira, para justificar a troca da Vila pela Cidade do Galo, CT do Atlético-MG.
Em três dias, Zetti jogou no lixo o discurso do trabalho a longo por causa de um salário, convenhamos, bem atraente. E ainda cometeu uma injustiça ao se comparar a Caio Júnior. Injustiça com o Caio, é bom que se frise.
Caio ficou até o fim do ano passado na Vila Capanema. Não balançou perante qualquer proposta, nem mesmo quando uma série de resultados ruins transformou o “fio do bigode” que o segurava no cargo em fiapo. Concluiu sua obra no Paraná e foi embora.
A obra de Zetti fica inacabada. Como também ficou a de Cuca, o treinador que em 2003 precisou de bem menos tempo para armar um Paraná muito mais inesquecível do que o time formado pelo sempre contestado ex-goleiro. Em comum, os dois treinadores também têm a pressa por acender rapidamente na carreira e na conta bancária.
Cuca sentiu o preço desta gana. Após bons trabalhos no Goiás e no São Paulo, penou muito até se reencontrar no Botafogo. Zetti precisará de muita sorte e competência para não sofrer as mesmas dificuldades.
Ao Paraná, resta Pintado. Mais um iniciante como muitos que treinaram o Tricolor nos últimos anos. Só o tempo irá dizer se o ex-volante foi mais uma aposta acertada. E também se ele prestou mais atenção nos exemplos do mestre Telê Santana do que o ex-companheiro de São Paulo.
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Zetti deveria ter pensado a longo prazo e ficado no Paraná, é verdade, mas a diretoria tricolor tem uma enorme parcela de culpa na saída do técnico. Ou os dirigentes estipulam multas e cláusulas que segurem seus comandantes, ou o clube continuará sendo uma prateleira de treinadores.
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O Paraná poderia ficar sem essa “esmola” que é o Zetti treinar o time neste sábado, em Caxias do Sul.