
Lincoln tenta roubar a bola de Bottinelli, aplica um carrinho por trás e depois pede desculpas
A entrada violenta de Lincoln sobre Bottinelli não deixa margem a interpretações — embora o Coritiba trate o assunto como acidente.
Lincoln foi imprudente, usou uma força desproporcional e praticou jogada condenada até mesmo pela benevolente Fifa: o carrinho por trás.
Como o termo já saiu do círculo jurídico, pode-se dizer que houve “dolo eventual” — quando o autor assume o risco por algo mais grave.
Ao atingir o companheiro pelas costas, na altura do tornozelo, sem dar-lhe o direito de se defender, o meia perdeu a tese da casualidade.
É inaceitável que ocorra jogadas desse tipo em confrontos valendo três pontos, talvez pior acontecer entre colegas, durante uma atividade com bola.
Muitos vão dizer: ‘Acontece’ ou ‘É da profissão’. Os demais jogadores do Coritiba – assim como o técnico Marquinhos Santos – trataram a fratura do argentino com esse sentimento de caso fortuito.
É compreensível, mas equivocado.
Espero que internamente discutam os excessos do dia a dia. A integridade física deve estar salvaguardada, mesmo que isso represente menos disposição nos treinos.
Claro que Lincoln não queria nem sequer machucar. Claro também que ele está sofrendo. Será razoável poupá-lo neste momento de tristeza. Além disso, não cabe crucificá-lo, afinal Bottinelli mesmo o perdoou. Mas não podemos tratar o tema com a ingenuidade da sorte ou azar.
O Coritiba não deveria escalar Lincoln neste momento. Por certo, não tem estrutura emocional para entrar em campo tão cedo. Sua pena — uma das mais pesadas — é a dor de quem age por impulso, sem pensar ou medir consequências. A culpa vem de mãos dadas com o medo de si mesmo. E assusta.