Daqui uma semana, no dia em que completará 19 anos, o Paraná irá apresentar o Ninho da Gralha, seu novo CT. Uma obra que ninguém sabe ao certo como está, pois a diretoria fechou os portões há mais de um mês, sob a justificativa de preparar uma surpresa para a torcida. Que seja boa, então.

A promessa é resgatar a tradição tricolor de revelar jogadores. Só para refrescar a memória, saíram da base paranista Marcos, Ageu, Gralak, Ednélson, Paulo Miranda, Tcheco, Ricardinho, Lúcio Flávio, Giuliano, Éverton, Ilan, Maurílio, Márcio Nobre, só para citar alguns.

A construção de um CT costuma ser um marco para as categorias de base dos clubes. O Coritiba nunca revelou tanto como no período pós-CT da Graciosa. O Atlético não demonstrou competência suficiente para formar atletas 100% seus no CT do Caju, mas usou sua estrutura de ponta para lapidar os diamantes do PSTC.

No Paraná, o raciocínio lógico diz: se sem CT já saiu esse monte de bom jogador, imagine com a estrutura. A prática, porém, permite colocar algumas interrogações nesse novo forno industrial do Tricolor.

A questão central é a tal parceria com a Base, empresa criada dentro do clube para construir o CT. Em troca do investimento, o clube dará 50% das suas revelações à empresa. Com uma dose de sorte, o negócio se paga em dois anos. E daí pra frente é lucro.

Lucro líquido para a empresa (que proibiu jogadores de empresário na base paranista, logicamente, para ter controle total sobre suas carreiras). E contido para o clube, que sempre irá conviver com a questão: e se o Paraná tivesse bancado o CT? Não lucraria muito mais com seus jogadores? Evidente. Como bancar a obra sem dinheiro? Empréstimo na Caixa, projeto via Lei de Incentivo. Enfim, idéias que exigiriam mais esforço do clube, mas poderiam dar um resultado melhor lá na frente.

Como a realidade é a parceria com a Base, o Paraná precisa tomar alguns outros cuidados. Por exemplo, essa parceria com o Iguaçu.

Jogadores das categorias de base vão para União da Vitória disputar o Estadual. E se eles se destacarem? Qual será a postura do clube e seu parceiro interno: o garoto vem ajudar o Tricolor a voltar à Série A ou os parceiros vão querer recuperar parte do investimento? Periga o Paraná revelar jogadores que serão vendidos sem nunca ter jogado como profissional no clube.