A bola na rede, o grito, a mão batendo no peito. Agora só em videotape, este ultrapassado, e em avi, mpeg e outros formatos. Washington disse adeus. O corpo do artilheiro aguentou quanto pôde e ao olhar para trás pode afirmar: “sou um vencedor”.

Washington: média de gols por clubes paranaenses é superior a 0,76 por partida
O Coração Valente não era em campo um driblador, mas soube driblar duas fraturas na perna, as dificuldades de ser diabético, um problema cardíaco grave. Washington Stecanela Cerqueira é um homem único: o único atleta profissional que utiliza stents, pequenos tubos que colocam remédios para o coração na corrente sanguínea. Por isso só, ele pode bater no peito e dizer: “sou um vencedor”.
Mais que isso, os números dele no futebol paranaense são impressionantes. Ele marcou 73 jogos e 56 gols por clubes de nosso estado.
Pelo Paraná, em 1999 e 2000, mesmo sofrendo duas fraturas e não sendo titular absoluto, ele meteu 12 bolas para dentro em 24 jogos. Uma média louvável.
No Atlético, em 2004, ele foi mais impressionante ainda: 44 gols em 49 jogos. Destes, 34 foram fundamentais no vice-campeonato brasileiro que, por detalhes do futebol, não virou o bi. É um recorde até hoje e dificilmente será batido. E a marca é mais fantástica se olharmos o contexto: ele vinha de uma cirurgia cardíaca.
Em campo, não era veloz e nem habilidoso, mas dominava a arte de posicionar e finalizar, além de ser um dos centroavantes de maior força física que vi jogar. Pudera: o porte de 1,90 é digno de um zagueiro, o que, na pior das hipóteses, deixava o “choque” justo.
Infelizmente, Washington não ganhou títulos nos times paranaenses. Porém, deu alegrias aos torcedores de seus times. Porém, se abrirmos o dicionário da bola, no verbete para artilheiro, um sinônimo é “Washington”. O futebol agradece pela sua carreira.