Nove anos após acidente da Chapecoense, família de Caio Júnior tem decisão na Justiça

A família do técnico Caio Júnior, morto no acidente aéreo da delegação da Chapecoense em novembro de 2016, obteve decisão favorável contra o clube catarinense no Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT12) de Santa Catarina. O processo já transitou em julgado, ou seja, não há mais possibilidade de recurso.

Os familiares do treinador, que tinha 51 anos na época do acidente, receberão indenização da Chape por danos morais e danos materiais, estes últimos até a expectativa de vida do técnico – no caso, mais 20 anos a contar a partir da data do acidente.

Além disso, foi definido pagamento de pensão para a viúva do técnico, assim como para o filho mais jovem, até que este complete 21 anos de idade, além de valores relativos a ressarcimentos, multas e fundo de garantia. A família de Caio Júnior alegou que o clube foi negligente na contratação do voo fretado da empresa boliviana LaMia.

Caio Júnior na Arena Condá. Foto: IconSport

Quanto a família de Caio Júnior vai receber?

Ainda está pendente, no entanto, o cálculo final do valor a ser pago pela Chapecoense. O tribunal catarinense, por ora, entendeu que os direitos de imagem que eram recebidos pelo treinador não devem entrar na conta salarial contemplada na indenização e nos valores de pensão. Desta forma, a questão está sendo analisada em segredo de Justiça pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília.

No futebol profissional, os salários geralmente são compostos pela somatória entre o valor declarado em carteira (CLT) e os chamados direitos de imagem. De acordo com informações da época do acidente, os vencimento totais do treinador giravam em torno de R$ 120 mil mensais.

“Pelo tribunal catarinense não ter feito o cálculo em cima da remuneração global, incluindo direitos de imagem, entramos com um recurso no TST, em janeiro de 2024, que está pendente de julgamento desde então”, explica Ruy Barbosa Jr, advogado do escritório Vernalha Pereira, que representa os familiares do técnico.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Chapecoense, mas não obteve retorno até o momento da publicação.

Acidente da Chapecoense completará nove anos

O trágico acidente com o avião que levava a delegação da Chapecoense à final da Copa Sul-Americana completa nove anos no próximo dia 28 de novembro. A queda da aeronave resultou na morte de 71 pessoas.

Entre as vítimas fatais, estavam 19 jogadores da Chape, além do treinador Luiz Carlos Sarolli, mais conhecido como Caio Júnior. Dirigentes e jornalistas também estavam na aeronave.

Apenas seis pessoas sobreviveram à tragédia: os jogadores Jackson Follman, Neto e Alan Ruschel; o jornalista Rafael Henzel; e os tripulantes Erwin Tumiri e Xemena Suarez. Em março de 2019, Henzel faleceu vítima de um infarto.

Neto foi um dos sobreviventes. Foto: IconSport

Os jogadores mortos no acidente foram: Aílton Canela; Ananias; Arthur Maia; Bruno Rangel; Cléber Santana; Danilo; Dener; Filipe Machado; Gil; Gimenez; Josimar; Kempes; Lucas Gomes; Marcelo; Mateus Caramelo; Matheus Biteco; Sergio Manoel; Tiaguinho e William Thiago.

Outras vítimas da tragédia foram o comentarista Mário Sérgio, o narrador Deva Pascovicci e o repórter Victorino Chermont, todos do canal Fox Sports.

Roteiro da tragédia da Chape

O primeiro voo da Chapecoense foi realizado com companhia boliviana Boa e saiu de São Paulo no dia 28 de novembro, após a partida entre Chapecoense e Palmeiras, no Allianz Parque, pelo Brasileirão. Após três horas, a aeronave pousou em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.

Foto: Fernando Remor/Gazeta Press

O trajeto final, com destino ao Aeroporto Internacional José Maria Córdova, em Rionegro, na Colômbia, foi feito em um voo fretado da companhia boliviana LaMia. A chegada estava prevista para às 22h.

No entanto, minutos antes do pouso, o avião se chocou contra uma montanha chamada Cerro El Gordo, a 2,6 mil metros de altitude. Em 2018, a Aeronáutica Civil da Colômbia concluiu a investigação do acidente e confirmou que este ocorreu por falta de combustível, como consequência da ausência de gestão apropriada por parte da companhia aérea.